Preço alto do bezerro preocupa pecuaristas de Mato Grosso do Sul

Os pecuaristas de Mato Grosso do Sul, principalmente os que fazem a recria e engorda de animais, estão preocupados com os valores atuais do bezerro no Estado. Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, na sexta-feira (25), o bezerro no Estado estava em R$ 1.030,15 a cabeça, maior valor […]

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Os pecuaristas de Mato Grosso do Sul, principalmente os que fazem a recria e engorda de animais, estão preocupados com os valores atuais do bezerro no Estado. Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, na sexta-feira (25), o bezerro no Estado estava em R$ 1.030,15 a cabeça, maior valor nominal da série histórica desde 2000.

O administrador da Fazenda Santa Maria, em Caarapó, Gilson de Freitas Cipriano, que faz a recria e engorda de fêmeas e machos de raça nelore, disse que o rebanho, nos últimos anos, se manteve, mas que agora diminuiu. O motivo foi a venda de animais engordados em semiconfinamento para janeiro e também a expectativa de preços mais baixos para a reposição de animais. ‘Há também a tomada de decisão de se arrendar ou não uma parte da propriedade. Mas está difícil com esses preços de bezerros, estão muito altos’, declarou.

‘Esperávamos encontrar os produtores de recria e engorda de Mato Grosso do Sul desestimulados por conta de preços dos animais de reposição. Fica essa expectativa de até onde vão parar as cotações’, ressaltou o coordenador técnico geral do Rally da Pecuária e sócio da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira. Ele ponderou que, para os confinadores investirem na atividade, ainda vale a pena, pois os custos, no geral, estão mais favoráveis do que os do ano passado.

Já os produtores de cria estão mais animados com a melhor remuneração e o momento é favorável para que outros empresários comecem a investir no negócio. No Dia de Campo, evento realizado na sexta-feira (25) com pecuaristas, autoridades e representantes de associações e empresas do setor do Estado, na Fazenda Baía Grande, localizada em Rio Verde de Mato Grosso, na qual a equipe do Rally da Pecuária também foi convidada, havia 46 aviões e dezenas de carros estacionados no estabelecimento. ‘Sinal de que há o interesse em se buscar novos conhecimentos e tecnologias para a atividade’, ressaltou Nogueira.

Abate ‘precoce’ – O especialista também comentou que no levantamento de informações das fazendas sul-mato-grossense constatou-se a tendência da mudança na estrutura de rebanho. Segundo ele, os animais mais velhos e pesados estão diminuindo e o abate está ocorrendo mais cedo (a média de tempo de vida dos animais era de 40 meses e hoje se observa o prazo de 36 meses). As ações são decorrentes do uso intensivo da tecnologia.

‘Essa alterações de estrutura do rebanho também mudam a sazonalidade do segmento. Os bois prontos do primeiro semestre estão diminuindo e os do segundo semestre, típica época de entressafra, estão aumentando. Reflexo da melhora da nutrição do gado’, explicou.

Com relação às pastagens, embora a amostra tenha sido concentrada na região pantaneira e de fronteira, o efeito da seca não foi tão ‘drástico’ como se tinha imaginado. E a Equipe 1 do Rally da Pecuária observou um melhor manejo das pastagens. ‘A agricultura no Estado também avançou mais e a integração lavoura-pecuária-floresta está mais presente e é uma tendência na região’, disse.

‘Produtor que não está se ‘mexendo’ em termos de tecnologia para aumentar produtividade e rentabilidade, acaba saindo da atividade’, ressaltou o especialista. A reportagem, porém, observou que uma boa parcela dos produtores entrevistados desconhecia o programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), do governo federal, que oferece linhas de crédito para a adoção de tecnologias sustentáveis para produção pecuária. A jornalista Suzana Inhesta viaja a convite da Agroconsult.

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