Por melhorias na saúde, índios protestam e planejam reocupação de prédio da Dsei-MS

Índios de Mato Grosso do Sul iniciaram a semana com protestos por melhorias na saúde indígena e ameaçam reocupar o prédio do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI-MS), em Campo Grande. De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando Souza, as mobilizações ocorrem diante da omissão do governo Federal ao pedido […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Índios de Mato Grosso do Sul iniciaram a semana com protestos por melhorias na saúde indígena e ameaçam reocupar o prédio do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI-MS), em Campo Grande. De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando Souza, as mobilizações ocorrem diante da omissão do governo Federal ao pedido de autonomia financeira e administrativa do órgão no estado. “Até o final da tarde de hoje, vamos tirar uma comissão para ir para Capital”, afirmou.

Em janeiro, os índios encaminharam documento ao então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a presidenta, Dilma Roussef, pedindo alterações na forma de administração do órgão. Este foi à segunda carta sem reposta enviada ao governo Federal.  A primeira ocorreu após a ocupação por mais de 40 dias do prédio da DSEI-MS, em setembro do ano passado, que resultou na exoneração do então coordenador Nelson Carmelo Olazar.

Desta vez, os índios estão com mobilizações em todo o estado. Nesta segunda-feira (17), indígenas das aldeias Jaguapirú e Bororó, de Dourados, distante 225 quilômetros de Campo Grande, realizam um bloqueio na rodovia MS-156. “Não há previsão para o bloqueio terminar. Vamos fazer uma ocupação na sede da DSEI, mas as aldeias do interior vão estar mobilizadas”, garante.

De acordo com Fernando, a comissão para ocupação do DSEI será tirada no final da tarde desta segunda e vai procurar ter representantes de todas as etnias do estado. Entre as reivindicações do novo ato, estarão à visita do secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, as aldeias do estado.

Desnutrição

Conforme o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, a desnutrição infantil ainda é um dos principais problemas de saúde constados nas aldeias de Mato Grosso do Sul. “O cone sul tem o maior número em casos de desnutrição que atinge principalmente a população Guarani Kaiowá”, explica.

A gravidade do problema já havia sido constatada no Relatório Final da Comissão Externa (Câmara Federal), em 2005, destinada a averiguar pessoalmente a morte de crianças indígenas por desnutrição no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A visita revelou uma criança com estágio avançado de desnutrição internada no Centro de Recuperação Nutricional da Reserva Indígena de Dourados.

Oito anos após o relatório ser entregue ao presidente Lula (PT), os indígenas do estado sofrem a mais de 90 dias com a falta de fornecimento de cestas básicas. “Com isto tememos que haja aumento de crianças desnutridas e com ricos de mortes”, afirma Fernando. Conforme ele, a interrupção se deu por rompimento no convênio entre a Campanha Nacional de Abastecimento (Conab) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Conteúdos relacionados