Hoje ele é construtor e artesão, mas Jonas Eilert Bercellos, 33 anos, já foi serralheiro, tijoleiro entre diversas outras profissões. Sempre envolvido com uma cultura sustentável, o gaúcho criado em Mato Grosso do Sul conta que procura fazer sua parte para não levar o mundo para o ‘brejo’. Com muita criatividade ele inventa móveis e objetos de decoração reaproveitando coisas que iriam para o lixo.

Com uma solda na mão e muitas ideias na cabeça surgem mesas, sofás, bancos, cadeiras, porta plantas, lamparinas e até esculturas. O material utilizado é o resto de motocicletas e bicicletas velhas. Das correntes aos pedais, ele aproveita quase tudo. E ao poucos vai soldando e dando novas formas ao que não prestava mais.

O trabalho, que na verdade é um hobby, surgiu ainda nos tempos de faculdade. Eiler conta que estudava filosofia e levava uma vida meio hippie. Nas andanças conheceu um rapaz de Presidente Epitácio (SP) que lhe ensinou a técnica. Ele conta que o amigo era ajudante de um artista plástico na cidade paulista.

Do conhecimento surgiu um negócio, uma serralheria. A ideia era fazer peças convencionais, portões, portas, cadeiras…Mas o gosto era pelo artesanato, pela escultura, pelo diferente. O negócio não deu certo. “Acabou que falimos. Dávamos mais atenção à arte que ao negócio em si”, diz sem dor do que perdeu.

Foi fazer outra coisa. Desta vez a empreitada foi uma empresa de tijolo ecológico. O empreendimento também não prosperou. E Jonas mais uma vez foi empreender outras coisas. Virou construtor e começou a fazer casas para vender. Este negócio sim está indo tudo bem.

Mas com o tempo a própria casa que vivia precisa de algumas coisas. Em vez de comprar, pensou porque não fazer. Foi ai que as ferramentas da época da época da serralheria que ficaram guardadas por anos começaram a ter uso novamente.

“Comecei a fazer umas coisas para por aqui em casa mesmo. Coisas que eu precisava. Ai os amigos vinham, gostavam e queriam também, quando fui comprando mais ferramentas e hoje tenho tudo que preciso para trabalhar com este material”, diz.

Ele diz apenas que os amigos não podem ter pressa para ter a peça em casa. “Tem dia que acordo inspirado e faço um monte de peças. Uns 20 banquinhos como este (aponta). Outras vezes levo uma semana para terminar um”, pondera.

Sabendo disso, ela conta que os amigos, às vezes, vão e levam as peças embora. “Eles chegam, levam e me perguntam depois quanto custa”, revela.

O que o deixa triste dia e que ainda não encontrou ninguém que queira aprender a técnica. Como seu negócio, na verdade, é outro não tem o tempo que precisa para se dedicar totalmente a esta profissão. “Gostaria de ensinar o que aprendi. No começo apanhei muito, até doente fiquei por inalar os metais pesados. Mas hoje desenvolvi a técnica certa” relata.

Para sempre

Outra vantagem do produto ecologicamente correto é a durabilidade. Jonas explica que o material utilizado é aço automobilístico que tem maior durabilidade que o comum. Por isso, as peças que são soldadas e resoldadas levando em consideração a técnica de engenharia de redundância estrutural nunca acabam. “Funciona assim, se preciso de um pilaste para suportar uma tonelada construo uma para suportar dias. Faço o mesmo com as criações. Se preciso de um ponto de solda, faço dois, três, porque se caso este um se romper tenho outro para segurar. É uma peça para a vida toda”, finaliza.