Depois de pagar cerca de R$ 40 milhões por Alexandre Pato e emprestá-lo ao São Paul no início deste ano, a diretoria do Corinthians se vê obrigada a torcer pelo sucesso do atacante no rival para ter algum retorno no investimento. É o que diz estar fazendo o presidente alvinegro, Mário Gobbi, o homem que apostou alto na contratação.

“Emprestamos para ver se ele readquire o futebol dele. Espero que jogue muito, porque precisamos recuperar os 15 milhões de euros que gastamos”, disse o dirigente à Rádio Bandeirantes, antes de lamentar o fracasso do atleta em preto e branco: “o futebol é um mar de detalhes, uma caixa de surpresas”.

Pato, que tem contrato com o Corinthians até o final de 2016, foi emprestado até o final de 2015. O São Paulo será obrigado a liberá-lo do compromisso se chegar uma proposta de 15 milhões de euros na janela de transferências do meio do ano. Na janela da virada para 2015, esse valor cai para 10 milhões de euros (cerca de R$ 31 milhões).

Nenhuma das hipóteses parece provável no momento. E, mesmo chegando uma oferta desse nível, o clube do Parque São Jorge acabaria no prejuízo, pois cedeu 40% dos direitos econômicos do jogador ao próprio. O time alviengro pagou por 100%, mas só receberia 60% em uma eventual venda.

Não entram nessa conta os altos salários recebidos por Pato em mais de um ano no Corinthians, com desempenho muito abaixo do esperado dentro do campo. E a agremiação alvinegra segue pagando R$ 400 mil – metade dos vencimentos – por mês ao atacante para vê-lo em vermelho, preto e branco.

O empréstimo fez sentido para Mário Gobbi porque, no acordo, Jadson passou a ser alvinegro – e em definitivo, com um contrato de dois anos. Mesmo pagando integralmente o salário do meia e 50% do salário de Pato, o Corinthians vê uma economia de R$ 150 mil por mês na troca.

De qualquer maneira, não há no Parque São Jorge dirigente que conteste o óbvio: a contratação de Pato foi um mau investimento. Se não se concretizaram os temores em relação aos problemas físicos do jogador, o rendimento em campo foi decepcionante e o estilo pouco aguerrido ficou muito longe de conquistar a Fiel.

“A contratação nasceu de uma conjugação de fatores. O Corinthians – sua diretoria e o marketing – entendeu que deveria ter um ícone, um chamariz no grupo, alguém que vendesse camisas, um carro-chefe, um grande nome, um grande ídolo”, disse Gobbi, citando o vazio nesse sentido após a saída de Ronaldo – sem quem o time havia acabado de conquistar um Campeonato Brasileiro, uma Copa Libertadores e um Mundial.

“Claro que não se tinha a pretensão de substituir o Ronaldo, mas a vida segue. Pelo que tinha no mercado, com a idade de 23 anos do Pato, era um investimento que teria retorno. O Berlusconi (Silvio, presidente do Milan) havia dito: ‘daqui a 12 meses, vou te buscar no Corinthians’. Queríamos o Pato para tudo: para o marketing, para o time. Era um craque, um ícone de que o time precisava. Mas as coisas não correram como a gente queria”, acrescentou o presidente.

Assim, após pouco mais de um ano no qual Pato chamou mais a atenção por uma cobrança desastrosa de pênalti do que pelo bom futebol, o Corinthians cedeu o atacante – agora perto de completar 25 anos – a um rival. Torcer por um bom desempenho em outras cores é a única chance de retorno ou, ao menos, contenção do prejuízo.