População reclama e catadores limpam parque por conta própria depois de show

Voluntários e catadores faziam a limpeza do gramado e do lago do Parque das Nações Indígenas na manhã desta segunda-feira (25)

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Voluntários e catadores faziam a limpeza do gramado e do lago do Parque das Nações Indígenas na manhã desta segunda-feira (25)

O evento, realizado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, em parceria com a Fundac (Fundação Municipal de Cultura) reuniu mais de 50 mil pessoas no Parque das Nações Indígenas na noite de domingo. O evento contou com a participação de várias duplas sertanejas, além de grupo de pagode e até um cantor de funk.

Populares que fazem caminhadas e corridas no parque ficaram incomodados com a quantidade de lixo que estava no chão. O casal Lery Carvalho e Rocheli Cavalcante de Carvalho afirmaram que a responsabilidade é tanto da Prefeitura quanto da população. “As latas de lixo são muito pequenas e de difícil acesso”, diz Lery.

O pedido é que uma equipe estivesse de prontidão para fazer a limpeza do parque. “Tinha que ter pessoas para limparem depois do show e deixar o parque limpo para o outro dia de manhã”, afirma o representante comercial. Apesar disso, a população também é apontada como culpada, “isso não tira a responsabilidade das pessoas. Nem sabemos o que esperar da população que não sabe se comportar num espaço coletivo”, diz a engenheira civil Rocheli.

Já outras pessoas, como o funcionário público Heraldo, de 53 anos, não se importam tanto. “Eu venho às vezes ao parque e vejo que eles limpam sempre. Acho normal que esteja sujo hoje, depois do show, desde que eles venham limpar depois”, diz.

Na terça-feira (26), outro show ocorrerá no parque, desta vez, do cantor gospel Thalles Roberto. O evento faz parte da “Marcha para Jesus”, em que a população marchará da Praça do Rádio até o parque. A gerente financeira Lindalva Rosely, diz que a Prefeitura deveria pedir, no palco, que a população se preocupasse em jogar o próprio lixo nas lixeiras. “Vou participar amanhã do show do Thalles e sei que o pastor sempre pede para as pessoas jogarem o lixo no local certo”, afirma Lindalva.

A gerente ainda afirma que as pessoas deveriam se preocupar mais em manter o parque conservado. “Não é porque são evangélicos que são mais educados, mas talvez se fosse feito o pedido no palco, não ficaria essa situação vergonhosa”. Ela ainda lembra que, apesar de ter lixeiras no parque, não são suficientes para a quantidade de lixo que a população produz durante os shows.

Limpeza voluntária

Dois catadores estavam no parque durante a manhã de segunda-feira. Mauro Graciano da Rocha, de 45 anos, limpava o lago do Parque das Nações Indígenas. O trabalhador, pai de cinco filhos, foi até o parque em seu dia de folga para ajudar na limpeza. “Isso não pode acontecer, para as pessoas que passam aqui é uma vergonha”, diz Mauro.

O homem, que trabalha fazendo serviços gerais no parque, conta que chegou cedo e começou a recolher o lixo. Mauro diz que encontrou até uma faca de serra dentro do lago. “Vou ficar até tarde ajudando a limpar, depois junto o lixo em sacolas e deixo para a Solurb recolher”, diz.

Já João Cunha Montagneri, de 62 anos, aproveitou para recolher latas de alumínio que ficaram jogadas no gramado. “Tem muita latinha aqui e eu vou aproveitar para vender. Esse lixo todo vai para a reciclagem, eu consigo um dinheiro e ainda ajudo a natureza”, diz. João diz que faz “bicos” para ganhar dinheiro.

Prefeitura

Uma equipe da Solurb Soluções Ambientais faz a limpeza da Avenida Afonso Pena na manhã desta segunda-feira. De acordo com os trabalhadores, eles foram contratados para limpar apenas a avenida e não entrarão no Parque das Nações Indígenas.

Até o fechamento da matéria a equipe do Midiamax não conseguiu falar com os responsáveis pela limpeza do parque na Prefeitura de Campo Grande.

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