Pelo menos 41 deputados do governista Partido das Regiões (PR) deixaram a legenda que sustenta o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, segundo dados atualizados neste sábado.

Até agora, o grupo parlamentar do PR era formado por 205 deputados, que junto ao Partido Comunista da Ucrânia e independentes somavam uma maioria parlamentar no plenário ucraniano, composto por 450 legisladores.

O próprio Yanukovich deixou durante a noite Kiev para viajar para a cidade de Kharkiv, onde se reunirá com deputados das regiões pró-russas do leste do país.

A deputada e assessora do chefe do Estado, Anna Guerman, em entrevista à agência local “UNN”, anunciou que o presidente falará hoje à nação pela televisão nesta cidade.

Guerman procurou desmentir os rumores, comentados inclusive na sessão urgente realizada hoje na Rada Suprema (Parlamento), de que Yanukovich tinha fugido da capital ucraniana, tomada pelos manifestantes do Maidan, como se conhece o movimento popular que exige há três meses a renúncia do chefe do Estado.

O presidente da Rada Suprema, Vladimir Ribak, renunciou hoje ao seu cargo por motivos de saúde, um dia depois de Yanukovich assinar um acordo de paz com os líderes da oposição para pôr fim à crise.

Na terça-feira passada, enquanto começavam os distúrbios nas ruas de Kiev e a Rada se reunia em uma sessão ordinária pouco após aprovar uma lei de anistia, Ribak sofreu um ataque de hipertensão e teve que ser atendido pelos na própria sede do Legislativo.

Também renunciou ao seu cargo o primeiro vice-presidente do Parlamento, Igor Kaletnik.

O porta-voz do presidente ucraniano na Rada, o deputado governista Yuri Miroshnichenko, pediu aos seus colegas parlamentares que não tomem decisões importantes sem contar com o Partido das Regiões.

Caso contrário, advertiu, a Ucrânia correrá o risco de uma divisão. Apenas 23 deputados do PR participam da sessão parlamentar de hoje, na qual se inscreveram 248 dos 450 congressistas.

O líder do partido opositor UDAR, Vitali Klitschko, propôs ao Parlamento uma resolução para destituir Yanukovich e motivar e a imediata convocação de eleições presidenciais antecipadas.

A Rada Suprema restituiu a Constituição de 2004, que diminui os poderes de Yanukovich, que, por sua vez, anunciou a antecipação das eleições presidenciais, embora sem precisar datas.