Dos seus 74 anos completados em 17 de janeiro, Carlos Alberto Carvalho está ‘incorporado nas fileiras’ da Força Aérea Brasileira, como costuma dizer, há 56. O suboficial é considerado um ‘patrimônio’ da Base Aérea de Campo Grande, não só por sua simpatia, mas também por todo o conhecimento que tem de tudo que já aconteceu ali.

O historiador da Base Aérea é um estudioso e conhece cada detalhe da história do quartel. Quase todos os dias ele recebe estudantes, curiosos e entidades que querem saber um pouco mais sobre o local. “Saio e mostro a base inteirinha. Vou de hangar em hangar, contando as histórias dos aviões”, diz, com orgulho.

São muitas as histórias. Desde visitas ilustres, como as de misses, Chacrinha, atores de televisão, ministros, presidentes, a histórias de gente famosa se cruzaram com a sua.

Carlos Alberto conta que a preferida é sobre um dos maiores comediantes que o Pais já viu – o Mussum. “Um detalhe que gosto de contar. É que um ano depois que fui incorporado às fileiras da Força Aérea Brasileira, no Rio de Janeiro, no Quartel General da 3ª Zona Aérea, viria a servir comigo, na primeira turma do ano de 59, Antônio Carlos Bernardes Gomes – o Mussum, dos Trapalhões”, diz.

“Foi meu colega. Fizemos o curso de cabos juntos em 1959. Em 1960 tivemos um ano de estágio provatório até sermos promovidos em 1961 a cabo. Eu fui transferido para Pirassununga e o Mussum ficou no Rio de Janeiro, foi para o Parque de Eletrônica do Caju, e depois foi para o depósito da Aeronáutica, na Avenida Brasil, em Bom Sucesso”, lembra com a memória que o cargo lhe exige.

Carlos Alberto ainda conta que desde a época de quartel o trapalhão já era como era. “O Mussum já era daquele jeito. É mé. Tudo era brincadeira. Ia trabalhar ia fazer faxina, que os soldados faziam faxina e o Mussum ficava brincando. Aquelas presepadas, aquelas brincadeiras, aquelas trapalhadas que ela fazia. Era daquele jeito”, recorda, aos risos.

Depois, ele lembra que foi sendo transferido e perdeu o contato com o amigo. Do Rio de Janeiro, Carlos Alberto foi para Pirassununga, São José dos Campos, Natal, Guaratinguetá, até que em 1981 veio parar em Campo Grande, de onde não mais saiu.

A cidade que mais ficou, já como militar, foi ‘totalmente’ adotada por ele e pela família. O suboficial que é alagoano diz orgulhoso que até título de cidadão campo-grandense tem e que a filha mais velha, única que não nasceu aqui, veio para a cidade com apenas três meses e é campo-grandense de fato e de direito.