A três dias do fim do mandato do presidente do Líbano, Michel Suleiman, o parlamento fracassou por falta de quorum nesta quinta-feira em sua quinta tentativa de escolher um sucessor, como já ocorreu nas votações anteriores, devido às diferenças políticas entre os principais blocos.

O presidente da Câmara, Nabih Berri, suspendeu a sessão porque apenas 73 deputados dos 86 necessários (de um total de 128) se apresentaram para que a votação fosse realizada.

Berri anunciou que o parlamento debaterá continuamente e permanecerá “aberto” para escolher o novo presidente até que termine o mandato de seis anos do atual chefe de Estado, Michel Suleiman, no próximo domingo.

Se não o alcança para então, continuará depois dessa data para que “a eleição pode acontecer em qualquer momento no qual haja quórum, inclusive se for à meia-noite”.

Para escolher um líder é necessária somente a aprovação da maioria absoluta, não como no primeiro turno, realizado em 23 de abril, que exigia uma maioria de dois terços que nenhum dos dois principais candidatos, Samir Geagea e Henri Helu, obteve.

Em entrevista coletiva, Geagea classificou hoje a jornada de “triste” porque se desperdiçou a oportunidade que os libaneses tinham que “escolher um presidente”.

O líder de Forças Libanesas acusou as forças do 8 de Março, coalizão que apoia o regime sírio de Bashar al Assad e liderada pelo grupo xiita Hezbollah, de serem responsáveis pelo fracasso da eleição presidencial.

A coalizão pró-Síria “não participou da sessão porque não tinha certeza de obter a vitória, fez o país entrar em um vazio e liquidou a esperança de escolher um presidente forte”, ressaltou.

O fracasso da eleição se deve às posturas irreconciliáveis entre as antagonistas Forças do 14 de Março (anti-Síria, das quais o Geagea faz parte) e do 8 de Março.

As Forças do 8 de Março não apresentaram até agora a nenhum candidato oficial, embora – segundo a imprensa libaneses – optam pelo general Michel Aoun, enquanto Geagea representa o grupo rival.

Para o líder druso Walid Jumblatt, chefe de um grupo parlamentar que apoia a candidatura de Helu, Irã e Hezbollah são os “eleitores principais”.

O general Aoun, que não anunciou sua candidatura à espera de obter mais apoios, afirmou ontem à noite, em entrevista à televisão do Hezbollah, “Al-Manar”, que forma, com o líder sunita Saad Hariri e com o chefe do grupo xiita Hassan Nasrallah um “triângulo de força para o Líbano”.

Segundo o sistema confessional em vigor no Líbano, o presidente deve pertencer à comunidade cristã maronita, o primeiro-ministro, à muçulmana sunita; e o chefe do parlamento, à muçulmana xiita.

Em caso de ausência do presidente, o Conselho de Ministros é o encarregado de governar o país.