Papa Francisco preside Via Crucis no Coliseu romano
O papa Francisco presidiu nesta Sexta-Feira Santa (18), no Coliseu romano, sua segunda via-crúcis, na qual recordou o calvário de Cristo até a sua crucificação. “Recordemos os doentes, as pessoas solitárias, abandonadas, que vivem sob o peso da cruz, para que encontrem sob este peso a força da esperança, da ressurreição e do amor de […]
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O papa Francisco presidiu nesta Sexta-Feira Santa (18), no Coliseu romano, sua segunda via-crúcis, na qual recordou o calvário de Cristo até a sua crucificação.
“Recordemos os doentes, as pessoas solitárias, abandonadas, que vivem sob o peso da cruz, para que encontrem sob este peso a força da esperança, da ressurreição e do amor de Deus”, disse o pontífice argentino ao final de uma via-crúcis assistida por mais de 40 mil pessoas.
O pontífice chegou às 21h local (16h no horário de Brasília) ao famoso monumento romano, onde milhares de pessoas, turistas e religiosos, a maioria com tochas, estavam à espera do líder da Igreja.
Francisco, de 77 anos, participou, como no ano passado, do rito a partir do terraço do Palatino, em frente ao imponente anfiteatro romano, sem percorrer a pé as 14 estações.
Segundo a lenda, foi no Coliseu onde os cristãos eram jogados aos leões durante as perseguições dos primeiros séculos depois de Cristo.
Este ano, a via-crúcis levou a marca de Francisco, que encomendou a redação das meditações lidas a cada estação ao bispo italiano de Campobasso (sul), Giancarlo Bregantini, conhecido por sua luta contra a máfia.
“Jesus com a cruz nas costas (…) é também o peso de todas as injustiças que a crise econômica têm causado, com suas graves consequências sociais: precariedade, desemprego, demissões; um dinheiro que governa em lugar de servir, a especulação financeira, o suicídio de empresários, a corrupção e a usura, as empresas que abandonam o próprio país”, escreveu Bregantini para a segunda estação que recorda o calvário de Cristo.
A crise econômica, o desemprego, a violência contra a mulher, a solidão, a doença e a situação dos presos foram os temas abordados em cada uma das estações.
Padre Giancarlo, que em sua juventude foi operário, também relatou em seus textos a situação dos refugiados, o tráfico de seres Humanos, as drogas, o álcool e o abuso da máfia, que no dia de sua ordenação como bispo, em 1994, colocou uma bomba sob seu altar.
O papa ouviu concentrado as meditações, que também citaram os males que ameaçam os jovens de hoje, “condenados à morte, assassinados ou enviados à guerra, especialmente os meninos soldados”.
O bispo de Campobasso denunciou ainda os tumores causados na região de Nápoles pelo lixo tóxico, algo provocado pela perversidade da máfia napolitana, que por anos acumulou fortunas sepultando rejeitos radioativos em uma zona onde centenas de camponeses seguem cultivando verduras e legumes.
“Escutamos o lamento das mães por seus filhos, moribundos por causa de tumores produzidos pela queima de resíduos tóxicos”.
Bregantini também se referiu à “dignidade violada de todos os inocentes, especialmente as crianças”, em referência à pedofilia, dentro e fora da Igreja. “Deus está irrevogavelmente e sem reservas com as vítimas” de qualquer tipo de abuso.
O drama dos doentes, especialmente os terminais, e das mulheres que sofrem abusos também foi lembrado durante as estações. “Choremos por estes homens que descarregam sobre as mulheres a violência que carregam dentro de si. Choremos pelas mulheres escravizadas pelo medo e pela exploração”.
A cada estação, a cruz era carregada por trabalhadores, empresários, imigrantes, prisioneiros, órfãos e doentes.
Vários telões foram instalados para que os peregrinos e turistas que vieram a Roma para a Páscoa pudessem acompanhar o rito.
A Via Crucis, que durou menos de duas horas, foi transmitida ao vivo em 50 canais de televisão de muitos países.
Ao final do rito, o Santo Padre leu um breve texto para a multidão, que o aclamou com aplausos e gritos de viva o papa.
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