Papa Francisco pede paz entre as Coreias
Em seu último dia de visita à Ásia, o papa Francisco desafiou os coreanos – do norte e do sul – a rejeitarem a “mentalidade de desconfiança e o confronto que obscurece as suas relações” e os incentivou a encontrar novas maneiras de promover a paz na península dividida pela guerra. Antes de embarcar em […]
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Em seu último dia de visita à Ásia, o papa Francisco desafiou os coreanos – do norte e do sul – a rejeitarem a “mentalidade de desconfiança e o confronto que obscurece as suas relações” e os incentivou a encontrar novas maneiras de promover a paz na península dividida pela guerra. Antes de embarcar em um avião de volta a Roma, o papa celebrou uma missa de reconciliação na principal catedral de Seul, na presença da presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, e de alguns desertores do regime da Coreia do Norte. Em um momento comovente, no início da missa, Francisco ajoelhou-se e cumprimentou sete mulheres que foram forçadas à escravidão sexual pelos militares japoneses durante a II Guerra Mundial.
Em sua homilia, o sumo pontífice disse ainda que a reconciliação pode ser atingida apenas pelo perdão, mesmo que pareça “impossível, impraticável e, às vezes, até mesmo repugnante”. “Rezemos, então, pelo surgimento de novas oportunidades para o diálogo, o encontro e a resolução das diferenças, por generosidade contínua na prestação de assistência humanitária aos necessitados e por um reconhecimento cada vez maior de que todos os coreanos são irmãos e irmãs, membros de uma só família, um só povo”, pediu o papa.
Esse foi o evento final de uma viagem de cinco dias que confirmou a importância da Ásia para o papado e para a Igreja Católica, uma vez que a religião é uma das que mais cresce na região. O apelo por paz de Francisco ocorreu no mesmo dia em que os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram um exercício militar conjunto. Em resposta, a Coreia do Norte comunicou que iria fazer um “ataque preventivo implacável” contra os aliados.
Durante a sua viagem, Francisco também ensaiou uma aproximação com a China, país com o qual a Santa Sé não mantém relações diplomáticas. No seu último dia na Coreia do Sul, o papa confirmou que irá retornar à Ásia no próximo ano. Francisco deverá visitar as Filipinas e o Sri Lanka em janeiro. O arcebispo de Manila, cardeal Luis Antonio Tagle, disse que o pontífice está oferecendo “uma mão amiga para os outros países” e que pretende mostrar que a religião católica não está na região “para satisfazer qualquer ambição mundana, mas sim para mostrar como são todos irmãos e irmãs”.
O premiê sul-coreano, Chung Hong-won, e o cardeal Andrew Yeom Soo-jung, arcebispo de Seul, junto com os bispos das dezesseis dioceses da Coreia do Sul, se despediram de Francisco em uma breve cerimônia no aeroporto que pôs um fim na primeira viagem à Ásia do pontífice argentino. A visita é considerada histórica por ser a primeira de um papa em 25 anos à Coreia do Sul e a primeira em vinte anos ao extremo Oriente.
Exercícios militares – Coreia do Sul e EUA começaram nesta segunda-feira manobras militares anuais para provar seus sistemas de defesa frente à Coreia do Norte. O exercício conjunto batizado de Ulchi Freedom Guardian (guardião da liberdade Ulchi, em tradução livre) vai durar doze dias e conta com a participação de cerca de 50.000 soldados sul-coreanos e outros 30.000 americanos procedentes das bases na Coreia do Sul ou deslocados dos EUA, segundo informaram as Forças Armadas de Seul.
Pela primeira vez, ambos os países testarão “seu plano de dissuasão contra as ameaças nucleares e as armas de destruição em massa de Pyongyang”, além de outros sistemas de defesa, segundo assinalaram fontes militares sul-coreanas à agência local Yonhap. Esta nova estratégia foi projetada durante a reunião ministerial que Seul e Washington mantiveram no ano passado, e define a atuação conjunta que ambos os países seguiriam em caso de uma agressão da Coreia do Norte.
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