Os pais do militar americano Bowe Bergdahl lançaram uma mensagem comovente de amor e apoio ao seu filho, libertado das mãos dos talibãs, dizendo-lhe que entendiam que ele precisará de tempo para se reacostumar ao seu estilo de vida anterior.

Único militar americano detido no Afeganistão desde que os Estados Unidos iniciaram a guerra ao país, em 2001, Bergdahl foi libertado no sábado (31) em troca da soltura de cinco importantes dirigentes do regime , presos em Guantánamo, no âmbito de um acordo surpreendente intermediado pelo Qatar.

“Eu te amo, Bowe”, disse Jani Bergdahl, a mãe do sargento, tentando conter o choro, durante coletiva de imprensa televisionada em Boise, Idaho (noroeste dos Estados Unidos), da qual participou com o marido, Bob.

“Muitas pessoas estão no local (na Alemanha, onde Bowe está) para te ajudar em todos os aspectos da tua reabilitação, até a tua recuperação total, confia neles. Está tudo bem. Leve o tempo que precisar para você se reinserir e relaxar. Não precisa se apressar, você tem toda a vida pela frente”, disse a mãe do militar.

Os Bergdahl nunca puderam falar diretamente com o filho, desde que ele foi sequestrado no sudeste do Afeganistão, em 30 de junho de 2009. Eles tiveram de recorrer aos meios de comunicação para se comunicar com ele, sem saber se o sargento mantido recebia sua mensagem.

As autoridades não informaram por quanto tempo o sargento de 28 anos permanecerá no centro médico militar de Landstuhl, Alemanha, onde está sendo tratado.

“Espero tanto ver teu rosto depois destes cinco longos, muito longos, anos”, disse Jani Bergdahl.

Readaptar-se ao estilo de vida americano certamente será um desafio para um homem que, segundo fontes rebeldes, foi levado de um lugar a outro ao longo da fronteira afegã-paquistanesa, antes de chegar à zona tribal paquistanesa do Waziristão do Norte.

O militar adotou os hábitos de seus captores e aprendeu farsi e pashtum.

Os pais do sargento disseram compreender que o filho precisará de tempo para se reacostumar à vida que tinha nos Estados Unidos.

O pai, Bob Bergdahl, afirmou que ele e a esposa tinham decidido não falar até poder fazê-lo diretamente com o filho, por causa do estresse que um contato prematuro pode fazê-lo sentir, e comparou esta etapa com a descompressão que os mergulhadores precisam fazer ao retornar à superfície.

“Bowe esteve ausente por tanto tempo que para ele será muito difícil voltar”, acrescentou o pai.

“Se um mergulhador sobe rápido demais”, após um mergulho profundo, “isso pode matá-lo”, comparou.