“Cem reais para muita gente não é nada, mas para mim é”. A faqueira Rosinez Espinosa, 44, não sabe o que fazer. Com inchaço na cabeça há vinte dias, ela está tomando duas vezes ao dia o remédio Lyrica (pregabalina), para dor neuropática.

Sem dinheiro e afastada pelo INSS pela doença, ela pega o remédio na Casa da Saúde. Porém, seu remédio acaba hoje e segundo ela, o hospital alega que não tem mais o medicamento.

“Disseram para me ligar depois do carnaval, que talvez eu conseguiria o remédio”, conta. A faqueira descreve a sensação ruim e o medo que está sentindo. “Não sei o que fazer, me sinto impotente. Não posso ficar sem tomar o remédio, tive começo de infarto esses dias no centro, já tive quatro lapsos de memória. Eu e meu marido não temos dinheiro”.

Apesar da situação delicada, Rose revela ter visto gente em situação pior. “O que me deixa mais triste e revoltada é ver que não é só comigo. Vi uma mãe que tentava há quinze dias internar o filho, que estava com convulsão”.

Além disso…

E os problemas não acabam. A neta de Rose, de nove anos, teve um surto e veio do interior para Campo Grande para tratar e descobrir qual doença a criança tem. Ela precisa ser atendida por um neurocirurgião infantil para diagnosticar a doença e a rede de saúde pública alega que é preciso pagar para receber o atendimento.

“No posto de saúde do Parque do Sol me disseram que caso surgisse um médico marcavam, mas só depois do dia 25. Fui até a ouvidoria e me disseram que tinha que pagar para o médico atender, que meu pedido era muito recente. É um amontoado de coisas, vemos que a saúde do município está penando”, analisa. Rose pede ajuda para a compra do remédio. Interessados ligar 9261-6426.

Na espera

Tanto a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela Casa da Saúde, quanto a Prefeitura de Campo Grande, responsável pelo posto de saúde do Parque do Sol, não responderam à solicitação da reportagem.