A onda de assaltos que de domingo até ontem gerou pelo menos sete registros de boletins de ocorrência em Dourados impulsionou uma reunião geral no 3º BPM (Batalhão de Polícia Militar) para que sejam definidas as estratégias de policiamento que serão colocadas em prática a partir de amanhã para combater as ações criminosas que, conforme a avaliação do comando da PM parecem ser ‘coordenadas’.

“Nós vamos trabalhar para dar uma resposta, porque tenho certeza que não todas, mas a maioria dessas ocorrências possuem ligação, por terem características semelhantes, por terem ocorrido em um intervalo curto de tempo, e em locais próximos, e também distantes, quase que ao mesmo tempo. Foi um fato atípico que não vemos há pelo menos uns três anos, e que será devidamente combatido com operações de patrulhamento e também com o trabalho do nosso departamento de inteligência que se inicia amanhã para identificar os criminosos e analisar a relação entre eles”, disse o subcomandante do 3º BPM, major Carlos Silva.

Nos casos registrados nos últimos três dias, os criminosos abordaram as vítimas armados, e na maioria das ocorrências chegaram ao local de moto e praticaram o roubo em poucos minutos. O major ressaltou que o intervalo entre uma ação e outra chegou a até 10 minutos no comparativo de algumas das ocorrências, o que levanta a suspeita de uma ação coordenada.

“Não podemos afirmar ainda, mas é uma situação que seria de ação coordenada ou coincidência. No entanto, tenho certeza que esta última opção é um tanto quanto difícil, e não descartada a possibilidade de ações coordenadas, acreditamos que existe a hipótese de grupos agindo com base em interceptações da rede de rádio da PM”, apontou Silva.

A reunião que terá a participação de todo o efetivo do 3º BPM e também de representantes do Comando da PM de Campo Grande acontece hoje, para discutir os planos de ação que, segundo o subcomandante, se iniciam amanhã.

Comerciantes se dizem com medo e criticam policiamento

Um dos assaltos registrados ontem foi na distribuidora de bebidas localizada na rua Ponta Porã, na Vila Aurora, de propriedade da comerciante Gislaine Cristina Nery, 37. Ela estava sozinha no local quando dois homens em uma moto estacionaram na frente do estabelecimento, um deles desceu e a rendeu com uma arma, anunciando o roubo e fugindo com quase R$ 300.

Proprietária da distribuidora há apenas 19 dias, a comerciante se diz assustada com a ousadia dos criminosos, que agiram por volta das 17h em uma rua que é muito movimentada. No entanto, Gislaine ressaltou que é preciso mais policiamento no local, justamente para intimidar ações do tipo.

“Se tem viatura passando eles não agem. Não se pode esperar um monte de gente ser assaltada para agir não é? Graças a Deus não aconteceu nada mais grave, mas a gente tem que seguir trabalhando, e eu fico com medo de acontecer de novo. Foi tudo muito rápido, mas você obviamente fica mais receosa”, disse a comerciante.

Dono de uma loja de roupas localizada na mesma quadra, o comerciante João Paulo Rovaroto, de 20 anos, que há três anos está no local, também diz que falta policiamento preventivo.

“Eu acho que dei sorte de não ter sido assaltado nesses três anos que estou aqui. O fato é que a gente acaba obrigado a agir por conta própria, investir em grade, alarme, para intimidar. É o que eu posso fazer, mas não me sinto seguro. Precisava ter mais patrulhamento aqui, até porque é uma área bastante movimentada”, disse Rovaroto, que agora pretende instalar câmeras de segurança na loja.

O subcomandante da PM comentou as críticas e negou que haja falta de policiamento, destacando que esta área, por ter vias de tráfego mais rápido, é inclusive uma rota constante no trabalho preventivo da PM. Silva defendeu novamente a hipótese das ações dos últimos três dias terem sido coordenadas, e pediu que a população indique à polícia qualquer situação suspeita, em qualquer momento em que se sentir insegura.

“Se pudéssemos, colocávamos uma viatura na porta da casa ou do comércio de cada um, mas isso não é possível, infelizmente. Então pedimos que a população denuncie pelo telefone situações suspeitas em que se sintam inseguras, ou nos procure no batalhão para apontar os locais onde acreditam haver falta de policiamento. A Polícia Militar está à disposição para qualquer esclarecimento, e para que a população também nos ajude a garantir a segurança e dar uma resposta aos criminosos”, finalizou Silva.