Oncologia da Santa Casa onde pacientes morreram tinha muitas brechas, diz delegada
O setor de oncologia da Santa Casa de Campo Grande, que era operado pela terceirizada Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, tinha “muitas brechas, por isso a dificuldade em saber o aconteceu. Se seguissem os procedimentos padrões seriam mais fácil determinar o que aconteceu”, diz a Ana Cláudia Medina, da 1ª […]
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O setor de oncologia da Santa Casa de Campo Grande, que era operado pela terceirizada Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, tinha “muitas brechas, por isso a dificuldade em saber o aconteceu. Se seguissem os procedimentos padrões seriam mais fácil determinar o que aconteceu”, diz a Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia Civil, que está há quase 90 dias investigando três mortes de pacientes e de uma paciente que teve graves reações ao tratamento de câncer feito no hospital.
Na última semana, foram ouvidas duas técnicas de enfermagem e três pacientes do setor, que passaram pelo tratamento no mesmo período em que ocorreram as mortes. As pacientes que prestaram depoimento passaram pelo tratamento nos dias 24 e 25 de junho, data em que teria acontecido o problema que ocasionou as mortes.
A delegada já descartou falha no medicamento utilizado no tratamento e trabalha com a hipótese de erro humano e afirma que já tem uma convicção do que causou as mortes, mas prefere não divulgar maiores informações, até que a investigação esteja concluída.
Conforme a autoridade policial, esta falha pode ter acontecido em algum momento, desde a prescrição da medicação pelo médico, manipulação dos remédios para o câncer feito pelos farmacêuticos, infusão nos pacientes feitas pelas técnicas de enfermagem e até as divergências já constatadas pela polícia nos livros de registro do setor, que não seguiram os procedimentos padrões determinados pelos órgãos responsáveis.
Nesta segunda-feira (22), a delegada deveria ouvir outra técnica de enfermagem, mas a profissional acabou não indo prestar depoimento. Segundo a delegada, a técnica de enfermagem já não trabalhava mais no setor, quando as mortes aconteceram, mas o depoimento é importante para que ela possa ponderar sobre o que sabe das reações e sobre o setor.
Investigação
As investigações começaram após as mortes das pacientes da quimioterapia da Santa Casa Carmen Insfran Bernard, de 48 anos, no dia 10 de julho, Norotilde Araújo Greco, de 72 anos, no dia seguinte e Maria Glória Guimarães, 61 anos, no dia 12 de julho. Elas receberam a medicação entre os dias 23 e 28 de junho.
Além dos depoimentos de médicos, de uma enfermeira e de farmacêuticos que trabalhavam no setor de quimioterapia, foi realizada a exumação dos corpos para análises periciais e também a reprodução simulada do processo realizado pelo farmacêutico responsável pela infusão do medicamento nas pacientes.
A delegada já ouviu os depoimentos dos médicos José Maria Ascenço e Henrique Guesser Ascenço, responsáveis pela clínica que realizava a manipulação da fórmula aplicada nos pacientes em tratamento da quimioterapia na Santa Casa. Também foram ouvidas uma farmacêutica e uma enfermeira, que por vezes, também realizava manipulação das fórmulas.
Posteriormente, prestou depoimento o farmacêutico Raphael Castro Fernandes, que a manipulação dos medicamentos aplicados nas pacientes e o também farmacêutico Marcelo Konorat, que trabalhou por 12 anos na empresa de quimioterapia que prestava serviço à Santa Casa.
No dia 25 de setembro, Margarida Isabel de Oliveira, de 71 anos, que passou pelo tratamento de quimioterapia e teve graves reações, prestou depoimento à polícia. O filho dela disse que a idosa tem se recuperado, apesar de não estar mais fazendo o tratamento.
Outra morte
A polícia também investiga a morte de Adolfo Coelho de Souza, de 82 anos, que passava por tratamento na Santa Casa. Possivelmente, a morte dele foi causada por uma superdosagem de medicamentos. A polícia já apurou que foi aplicada no idoso, em duas horas, a medicação para cinco dias de tratamento.
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