O presidente dos EUA, Barack Obama, rebateu nesta terça-feira (4) em coletiva em Washington declarações do líder russo, Vladimir Putin, ao dizer que os ucranianos devem poder escolher seu próprio futuro e que a ação militar russa na Ucrânia é sobre “poder” e não sobre “direitos”.

“Putin pode falar o que quiser, mas os fatos no terreno mostram” uma violação russa, disse Obama. “A conduta russa não está baseada em uma preocupação real pelos cidadãos russos, mas no fato de a Rússia querer exercer poder sobre um país vizinho”, acrescentou.

“Há uma forte crença de que a ação russa viola a lei internacional. Putin parece ter uns advogados diferentes, mas não acho que esteja enganando ninguém”, disse ainda.

Uma onda de protestos começou na Ucrânia no ano passado depois que o então presidente Viktor Yanukovich desistiu de assinar um acordo de cooperação com a União Europeia, em favor de uma maior aproximação com Moscou.

Yanukovich acabou destituído em fevereiro passado; um governo interino tomou posse, e eleições foram marcadas para maio.

A tensão aumentou ainda mais quando a Rússia decidiu mobilizar tropas na Crimeia, uma região autônoma da Ucrânia com alinhamento à Rússia. Em reação, a Ucrânia também mobilizou tropas e reservistas.

As declarações do presidente americano coincidiram com as do secretário de Estado, John Kerry, que chegou à capital ucraniana nesta terça para encontros com os novos líderes ucranianos.

Ambos fizeram um apelo para que a Rússia espere até as eleições na Ucrânia, marcadas para maio, antes de adotar qualquer medida.

“A Rússia tem trabalhado duro para criar um pretexto para uma invasão”, disse Kerry em Kiev. Putin “está escondendo as mãos atrás de falsidades, de intimidação e de provocações.”

Antes, nesta terça, Putin havia dado declarações a jornalistas em Moscou, dizendo que o uso da força militar será o último recurso a ser usado na Ucrânia, mas que ue seu país tem o direito de utilizá-la.

Putin afirmou ainda que o novo governo ucraniano chegou ao poder “pelas armas”, como resultado de um “golpe” inconstitucional.

Segundo o presidente russo, Viktor Yanukovich, destituído da presidência, “é o legítimo líder da Ucrânia”. “Yanukovich é certamente impotente na Ucrânia, mas legalmente falando, ele é o presidente legítimo do país”, disse Putin, que afirmou ainda que não acatará os resultados das eleições de maio.

Kerry afirmou que os EUA gostariam que Putin retirasse suas tropas baseadas na região da Crimeia e aceitasse a presença de monitores internacionais como meio de diminuir a tensão. Caso contrário, “nossos parceiros não terão outra chance senão juntar-se a nós” para isolar a Rússia política e economicamente, acrescentou.