Foi a experiência com as políticas nacionais de enfrentamento à aids que levou o médico brasileiro Luiz Loures para o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids), em 1996. E foi a competência demonstrada no trabalho que o fez ser recentemente nomeado vice-diretor-executivo do órgão.

A chegada do brasileiro a um dos mais altos cargos do Unaids reforça o pioneirismo do País no combate à doença e o reconhecimento de que iniciativas nacionais podem ser bons exemplos para outras partes do globo.

Para Loures, grande parte do que se tem atualmente em nível global se deve às ações brasileiras. Ele se recorda de uma de suas primeiras reuniões em Genebra, em 1997, pouco depois de chegar às Nações Unidas. “O establishment todo insistia que não era possível o acesso ao tratamento em países em desenvolvimento. Eu era o único da sala que defendia a ideia, baseado na experiência brasileira”, afirma.

Hoje não há mais embate em relação ao assunto. Uma certeza que surgiu ao longo dos anos é que só é possível vislumbrar o fim da epidemia de aids porque se investiu em tratamento – e o primeiro país a comprovar essa tese foi o Brasil. O cuidado agora, alerta Loures, é não deixar a oportunidade única de controlar a doença ser comprometida pela falta de investimento dos governos.