Novos materiais e equipamentos vão reforçar combate à dependência química no Instituto Penal

O Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) recebeu na manhã desta sexta-feira (22) a doação de materiais e equipamentos que serão utilizados nos encontros do “Grupo Recomeçar”, que trabalha a superação da dependência do uso de drogas entre os reeducandos desde o início de 2012 e tem ajudado a transformar vidas no local. O projeto […]

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O Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) recebeu na manhã desta sexta-feira (22) a doação de materiais e equipamentos que serão utilizados nos encontros do “Grupo Recomeçar”, que trabalha a superação da dependência do uso de drogas entre os reeducandos desde o início de 2012 e tem ajudado a transformar vidas no local.

O projeto visa proporcionar atividades sistemáticas voltadas para o reconhecimento do vício em entorpecentes enquanto doença que requer estratégias de enfrentamento para sua superação. O Grupo Recomeçar tem suas atividades desenvolvidas com base no formato de grupo de autoajuda, não tendo, portanto, cunho terapêutico. Os principais alicerces são a espiritualidade e os vínculos familiares.

Os materiais foram adquiridos pelo Conselho da Comunidade de Campo Grande, após projeto apresentado pela coordenação técnica do Grupo Recomeçar, formada pela assistente social do IPCG, Alessandra Siqueira dos Santos, e pelo psicólogo Marcos Moisés de Sant’ana Júnior.

O investimento total foi de R$ 27.343,20, para a compra de uniformes, livros, equipamentos eletrônicos, móveis, materiais de consumo e capacitação dos coordenadores do projeto, conforme informou a diretora financeira do Conselho da Comunidade, Patrícia Ferreira de Lima Pereira. Entre os equipamentos entregues estão uma TV 42 polegadas, um aparelho de ar condicionado de 24.000 btus e uma bateria musical completa.

Segundo a assistente social que coordena as atividade, o projeto tem sido desenvolvido através de um trabalho sistematizado. “Já temos, por exemplo, uma cela específica para o grupo e a partir de setembro, em parceria com o Setor de Educação, terão início as aulas de música”, comentou. “Os novos equipamentos vão potencializar e incentivar ainda mais as ações”, completou Alessandra.

Participam atualmente do projeto, 37 homens privados de liberdade, subdivididos em duas turmas, sendo uma no período da manhã e outra no período da tarde. Conforme o diretor do IPCG, Fúlvio Ramires, uma das propostas para o grupo é que todos os internos participantes estejam inseridos em ocupações produtivas. “Atualmente um estuda, nove trabalham e outros nove trabalham e estudam, os outros 18 estão desocupados; então é nossa de que todos sejam inseridos em uma das oficinas de trabalho aqui do Instituto Penal”, afirmou.

Presente na solenidade de entrega, o diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, enfatizou a importância do desenvolvimento dessa ação que busca a superação ao vício em entorpecentes que, segundo ele, é uma das principais causas da criminalidade. “Há dois tipos de prisão: a física, que hoje vocês estão momentaneamente, e a de nós mesmos, que é a pior, mas que vocês hoje estão tendo a oportunidade de se libertar”, disse aos detentos participantes do Grupo Recomeçar, que acompanharam o evento.

Convidada a ser a “madrinha” do IPCG pela direção do presídio durante a cerimônia, a promotora da 22ª Procuradoria de Justiça, Bianka Karina de Barros, parabenizou a iniciativa e destacou que o Conselho da Comunidade “abraçou” o projeto porque contatou nele um trabalho capaz de realmente ajudar no processo de reinserção social dos internos. “Que esse projeto possa ser replicado em todas as unidades penais do Estado, e o Conselho está disposto a ajudar”, ressaltou.

Também participaram da solenidade de entrega o diretor de Operações da Agepen, Pedro Carrilho de Arantes; o assessor da Diretoria de Assistência Penitenciária (DAP), Arnold Rosenacker [que no ato representou o diretor da DAP, Leonardo Arévalo Dias] e o coordenador geral da Comunidade Terapêutica Antônio Pio da Silva (CONTAPS), João Carlos Sobreira Benitez; além de chefes de Divisão da agência penitenciária e de diretores de estabelecimentos penais da Capital.

Recomeço

Adilau Avelino Barbosa, 41 anos, participa o grupo desde 13 de março de 2013 e garante ter conseguido após se período afastar o “fantasma” da dependência química de sua vida, após 28 anos como “refém das drogas”. “Já usei maconha, cocaína, crack, bebi muito álcool e, por causa do meu vício cometi muitos furtos e acabei traficando também, mas nunca conquistei nada com o dinheiro do crime, nunca tive uma conta em banco ou uma casa, e por 14 anos da minha vida eu estive preso. Tudo por causa do vício”, contou emocionado.

Hoje atuando como uma espécie de “auxiliar” da coordenação do Recomeçar, ele garante que se vê como um espelho aos demais companheiros do grupo. “Percebo que meus colegas de cela buscam em mim, no meu exemplo, a força para não ter recaídas”, declarou. “Eu me sinto um vitorioso, minha mãe morreu sabendo que eu não estava usando mais drogas e tenho certeza que ela partiu feliz. A vontade de usar sempre vem, mas é só a gente evitar a primeira dose”, finalizou.

Para participar do grupo, além da demanda detectada por critérios técnicos pela equipe psicossocial do presídio, também são recebidas solicitações via judicial para inserção de custodiados que tenham apresentado em algum momento relação com a drogadição. Ações similares também são desenvolvidas no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, na Casa do Albergado de Campo Grande e no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho.

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