As negociações indiretas entre Israel e o Hamas no Cairo não registraram nenhum progresso até o momento, afirmou à AFP uma fonte israelense.

“As divergências continuam sendo grandes. Não aconteceram progressos nas negociações”, afirmou a fonte, que pediu anonimato.

As discussões entre israelenses e palestinos, com a mediação do Egito, foram retomadas após a entrada em vigor de uma nova trégua de 72 horas nesta segunda-feira.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião do gabinete de segurança para esta terça-feira em Tel Aviv para falar sobre as negociações.

A operação “Barreira Protetora”, iniciada em 8 de julho por Israel para deter os lançamentos de foguetes a partir de Gaza e destruir a rede de túneis dos islamitas, matou 1.940 palestinos, a grande maioria de civis, segundo os serviços de emergência.

Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram desde 8 de julho.

Ao mesmo tempo, Israel denunciou a criação de uma comissão de investigação da ONU sobre possíveis violações das leis internacionais durante o conflito em Gaza e nas semanas anteriores.

“As conclusões anti-israelenses do relatório da comissão já estão escritas, faltam apenas as assinaturas”, disse à AFP o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que acusou o presidente da comissão, designado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, William Schabas.

Schabas é um professor universitário de Direito Internacional em Londres e considerado hostil a Israel.

“Para esta comissão, o mais importante não são os direitos humanos, e sim o direito das organizações terroristas como o Hamas”, disse o porta-voz.

O Conselho dos Direitos Humanos anunciou na segunda-feira a criação de uma comissão internacional para investigar as violações de leis humanitárias internacionais e dos direitos humanos nos territórios palestinos, especialmente na Faixa de Gaza, desde 13 de junho e o início das operações israelenses posteriores ao assassinato de três jovens israelenses na Cisjordânia.

Os crimes provocaram o início da ofensiva israelense em Gaza no dia 8 de julho.

O movimento radical Hamas elogiou em um comunicado a “decisão de formar uma comissão de investigação internacional”.

Trégua de 72 horas permanece

Nas primeiras horas desta terça, o céu de Gaza permanecia em calma, sem que nenhuma das partes informasse sobre violações do acordo.

A única morte registrada foi a de uma menina de um mês que não resistiu aos ferimentos causados por um bombardeio anterior ao início da trégua.

A vida ressurgia no território palestino de 362 quilômetros quadrados e 1,8 milhão de habitantes, que enfrenta desde 8 de julho uma ofensiva israelense que deixou mais de 2.000 mortos, em sua maioria civis.

O alívio, após outra trégua de 72 horas observada na semana passada, permitia criar expectativas sobre as negociações indiretas no Cairo.

“Não é uma trégua durável que queremos, é a paz”, disse Bassma Abu Obeid no mercado de legumes do campo de refugiados de Chati.

O futuro de Bassma está nas mãos dos negociadores israelenses e palestinos.