Menos de uma semana depois que Mary Yolanda Duarte Nakagaki, de 49 anos, e Laura Fernandes Costa, de 32 anos, se conheceram já estavam morando juntas. O amor foi à primeira vista, pelo menos da parte de Laura, que conta que ao ver Mary não a tirou mais da cabeça e não se sossegou até conquistá-la.

Na época Mary estava em um relacionamento. E Laura conta que no momento que a viu sentiu algo tão forte que é até difícil descrever. “É inexplicável. Quando a vi foi como se eu tivesse encontrado alguém que procurava há muito tempo”, diz.

Laura que até então nunca havia se relacionado com mulher, não se importou com conceitos, preconceitos ou pré-conceitos, escutou a voz do coração e o deixou bater no ritmo que queria.

O problema é que como elas se conheceram em um terreiro de Umbanda, no momento em que Mary estava incorporada, Laura não sabia nada dela. Nem nome, nem endereço, nada. Mas o destino não prega peças à toa. Quando é para ser é.

E dias depois de a ter visto por primeira vez, a mãe de santo de outro terreiro a chamou para ajudar no preparo de uma festa, pois receberia novos membros na casa. “Ela me ligou e pediu para eu ajudar. Quando vi era ela. Era ela quem estava lá”, conta, pontuando que Mary estava acompanhada.

Sem se intimidar ela puxou papo e logo estavam trocando contatos. Depois veio um encontro, outro encontro, e no quarto Laura já estava morando na casa de Mary.

Casamento

Um ano depois elas decidiram sacramentar este amor. E vestidas de branco e azul, nas cores de Iemanjá, se casaram no último sábado (13), dentro dos preceitos da Umbanda. “Foi um casamento lindo, realizado pela cabocla Iara, dentro dos preceitos de uma casa que é regida pela orixá Iemanjá”, conta a madrinha Iza Mara Silva da Cunha, de 43 anos, cabeleireira.

O casamento foi a realização de um sonho, conta Mary. Umbandista há 44 anos, ela revela que sempre quis se casar dentro de um terreiro. Mas como o espaço era pequeno optaram em locar uma chácara, mas fizeram toda a cerimônia dentro dos preceitos religiosos da Umbanda. “Nos preparamos para casar. Tomamos vários banhos de ervas, jogamos o tarô, tudo para ver se o pai oxalá aceitava nosso casamento”, diz.

Na religião delas, se os orixás não ‘abençoarem’ o casamento ele não pode ser realizado. “É como no cartório. Não tem os proclames? Então, você vai lá faz todo o encaminhamento e depois casa”, compara Iza.

Família

Laura conta que antes de conhecer Mary estava perdida, bebendo muito e sem rumo. E que amor que sentiu por ela, a salvou de si mesma. “Eu estava bebendo todos os dias. Agora não bebo mais. Posso falar que tenho tudo. Tenho uma família. Minha vida está totalmente diferente”, diz.

Os filhos foram os primeiros a apoiar. Laura revela que tanto os filhos dela, como os de Mary aceitaram a relação perfeitamente como irmãos.

“Somos uma grande família. Os meus, os delas e os agregados”, brinca Mary.