“Fui vítima de cesariana desnecessária”, relatou a fotógrafa campo-grandense Adeise Marcondes. Ela conta que, em 2010, o médico obstetra que cuidava de sua gravidez iria realizar uma cesariana antes da data prevista para o nascimento do bebê, porque teria que fazer uma viagem. Mesmo trocando de médico, ela ainda foi obrigada a fazer uma cesariana, sendo que não havia necessidade.

Desde o meio-dia desta sexta-feita (11), mulheres especializadas em acompanhar partos normais, preparando a mãe física e emocionalmente para o parto normal (chamadas Doulas), estão em frente ao Ministério Público Federal com faixas e cartazes, para protestar pelos direitos das mulheres sobre o próprio corpo.

A Doula Patrícia Sávio conta que o protesto, chamado “Somos todas Adelir” acontece em todo o Brasil neste dia 11. A idealização do protesto veio a partir do caso de Adelir, uma mulher de Torres, no Rio Grande do Sul, que, em trabalho de parto, foi levada à força a um hospital e obrigada, pela Justiça do RS, a sofrer uma cesariana sem seu consentimento.

Para Adeise, os médicos acabam inventando desculpas para realizar o parto com cesariana ao invés do parto normal, por, além de outros motivos, demorar menos que a metade do tempo de um parto normal. “As mães são coagidas pelo medo”, diz a fotógrafa.

Como focos principais do protesto, estão o direito da mulher de decidir o que fazer com o próprio corpo e a necessidade de investigação de casos de violência obstétrica. Fernanda Leite, Doula, afirma que não há conhecimento dos casos por parte da Justiça.

De acordo com a assessoria, foi protocolada uma representação em que os manifestantes pedem providências do MPF. O protesto foi deve durar até as 21h.