Preso há dois anos no presídio militar Romão Gomes, o policial reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato da ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, ocorrido em 23 de maio de 2010, falou em entrevista exclusiva à repórter do SBT Simone Queiroz que está escrevendo um livro para mostrar que não é o monstro no qual a mídia o transformou.

Além de se dizer vítima de preconceito racial por parte da família da ex-namorada, o policial reformado escreve que Mércia teria um novo companheiro que armou uma armadilha contra ele. Questionado sobre as fugas no período da investigação policial, Souza se recusou a responder, dizendo que a pergunta não constava na pauta. Ele também se recusou a responder se considera sua pena longa e qual sentimento tem em relação à família de Mércia.

Em um alojamento-cela que tem espaço para 18 presos, mas que atualmente abriga apenas dez detentos, e que não tem a porta trancada, Souza sinaliza não querer passar muito tempo nela ao dizer que “nem um pássaro quer ficar preso” e afirma que a prisão abalou sua saúde e que toma remédios para dormir. Apesar de pensar na possibilidade de voltar a advogar um dia, Souza se diz decepcionado com a Justiça, “inclusive com a OAB”, afirma ele.

Como outros colegas de cela, o policial reformado frequenta o espaço ecumênico do presídio onde assiste a cultos evangélicos. “Todos nós somos pecadores”, responde antes de afirmar que tem sua consciência tranquila.

O crime

O assassinato aconteceu em 23 de maio de 2010 em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo a perícia, Mércia foi atingida por um tiro no rosto, que não a matou. Em seguida, o veículo foi empurrado para dentro de uma represa, onde ela morreu afogada.

O corpo foi achado em 11 de junho no carro dela em uma represa de Nazaré Paulista, também em São Paulo. Em agosto, Mizael chegou a ser preso, mas foi liberado no mesmo mês por conta de um habeas corpus.

Mizael teria tido a ajuda do vigilante Evandro Bezerra da Silva, 40, também acusado pelo crime.

Os dois foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, cruel e sem possibilidade de defesa da vítima). Ambos negam participação no crime.

Para o Ministério Público, a advogada foi morta porque Mizael não aceitava o fim do relacionamento. Após mais de um ano foragido, Mizael se entregou em 24 de fevereiro de 2012 e está preso no presídio da Polícia Militar.