Mototaxistas revelam que mesmo com o reajuste tarifário o preço cobrado nas corridas está acima do acordado, nesta terça-feira (5), entre a Prefeitura e o Sindmototáxi (Sindicato de Mototaxistas) de Campo Grande.

Segundo um mototaxista, que preferiu não se identificar, o reajuste de 16% não cobre os custos com a manutenção da motocicleta. “Estamos sem reajuste desde 2010 e de lá para cá tudo subiu. Temos gastos com a manutenção da moto e esse valor não cobre as despesas com pneus, gasolina e peças que temos de trocar constantemente para poder trabalhar”, diz.

O profissional revelou que por não ter um valor correto muitos colegas de profissão cobram um preço baseado nas despesas mensais para manutenção do veículo. “Atualmente cada mototaxista cobra um valor para a corrida e se tivéssemos um preço justo isso não aconteceria”, reclama.

Para o mototaxista Darci Ferreira Gomes, que já tem 17 anos de profissão, o problema de cobranças diferentes seria resolvido com um taxímetro. “Esse valor que é cobrado dependendo de cada ponto seria resolvido se tivéssemos um taxímetro. Assim os colegas não poderiam cobrar um valor diferente do usado na tabela e a população pagaria o preço justo”, alega.

Já para um auxiliar de mototaxista, que preferiu não se identificar, a reposição tarifária foi muito pequena e ainda não cobre as despesas que o profissional tem com o veículo. “Eu achei muito pouco, no meu caso, por exemplo, que sou auxiliar e ainda de ter de pagar os custos da manutenção com a moto, também tenho que pagar o mototaxista que tem o alvará. Dessa forma, o lucro é irrisório”, critica.

Para o profissional Roberto Max, o reajuste foi justo e em sua opinião cobre as despesas com a manutenção da motocicleta. “Tudo subiu muito ultimamente e era necessário termos um reajuste para acompanhar os aumentos. O valor de R$ 1 para cada quilômetro na bandeira 1 (das 6 horas às 22 horas) acho bom”, afirma.

Max disse que sempre cobra em suas corridas o valor da tabela que é repassada pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito). “Tenho sempre no bolso a tabela de preços e quando o passageiro quer saber o valor e já mostro para ele conferir”, assegura.

A balconista Ângela Dávalo, de 42 anos, disse que é preciso pesquisar porque em cada ponto de mototáxi se cobra um valor. “Hoje mesmo peguei um mototáxi para vir ao centro e paguei R$ 12 e agora preciso voltar e querem me cobrar R$ 15. Um absurdo, porque é a mesma distância e eles não seguem a tabela”, critica.

O estudante Marlon Silva, de 19 anos, recorre frequentemente ao mototáxi e sempre paga valores diferentes, dependendo do ponto que procura. “Toda vez que solicito uma corrida de mototáxi eu pago valores diferentes. Se tem uma tabela por que não seguem? E com esse reajuste pode ficar muito caro andar de mototáxi aqui em Campo Grande”, diz.

Silva disse que a partir de agora vai diminuir o uso de mototáxi porque não sabe se com o reajuste a categoria vai aumentar e ficar muito acima da tabela. “Acho que agora vou ter que diminuir o uso de mototáxi porque pode ficar muito caro ou exigir que me mostre à tabela aplicada para pagar o preço justo pela corrida”, finaliza.

Medidas

O Procon/MS (Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul) confirmou que configura abuso ao consumidor cobrança que não esteja de acordo com a tabela dos mototaxistas.

O órgão recomenda, caso haja abuso, que o consumidor recorra à Agetran e ao Sindicato da categoria para denunciar a cobrança indevida, informando a matrícula do mototaxista.

De acordo com a Prefeitura, que informou por meio da assessoria, os preços devem seguir a tabela firmada com o próprio sindicato da categoria que fez o estudo, juntamente com a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande).

A Prefeitura disse que as pessoas que se acharem que pagaram preço acima da tabela estabelecida podem denunciar na Agetran pelo número 118 ou na Agereg no 3314-9595.

Confira abaixo os novos valores para os serviços de mototáxi:

Bandeira 1 (das 6 às 22 horas) passará de R$ 0,80 para R$ 1,00 e na bandeira 2 (das 22 às 6 horas) passará de R$ 0,90 para R$ 1,20. O valor da bandeirada será de R$ 2,50 e a Hora Parada (tempo que o passageiro fica em atendimento) passou de R$ 14,00 para R$ 16,00. A bandeirada, valor mínimo cobrado pelo profissional no momento em que ele vai buscar o cliente ou sai do seu ponto de trabalho, permanece R$ 2,50.