Membros da Força Nacional fazem papel de xerifes e até de ‘psicólogos’ nas aldeias de MS
A segurança nas comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul é assunto delicado. Tutelados pela união, os índios não estão sob jurisdição das forças estaduais, como a Policia Militar. São muitos os casos em que viaturas da PM foram barradas na entrada das aldeias de onde receberam denúncias de crime. Com a Força Nacional, a […]
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A segurança nas comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul é assunto delicado. Tutelados pela união, os índios não estão sob jurisdição das forças estaduais, como a Policia Militar. São muitos os casos em que viaturas da PM foram barradas na entrada das aldeias de onde receberam denúncias de crime. Com a Força Nacional, a situação mudou.
Os membros da corporação criada em 2004 e com sede em Brasília, no Distrito Federal, fazem parte de um programa de cooperação de Segurança Pública brasileiro, coordenado pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), do MJ (Ministério da Justiça), e atuam nas áreas indígenas da região de Dourados há dois anos.
Desde acabar com brigas de bêbados sem disparar um tiro sequer, até dar conselhos para adolescentes alterados, neste período, alguns já viveram as experiências mais inusitadas. Depois que ganham a confiança das lideranças indígenas, os membros da Força Nacional ganham status de ‘xerife’ e possuem grande autoridade entre os aldeados menos favorecidos.
Contando com um efetivo de 35 homens, o grupo é responsável pelas aldeias Jaguapiru, Bororo, ambas de Dourados e ainda a Te’y Kuê, de Caarapó, que contam com um total aproximado de 15 mil pessoas.
O trabalho do grupo de elite vai desde a prevenção e repressão com prisões de infratores, até o aconselhamento de famílias, em um verdadeiro trabalho de assistência social.
A Força Nacional atou por exemplo na prisão da maioria dos envolvidos no caso do estupro da criança de 9 anos na Aldeia Bororo na semana passada e também em outros casos de violência doméstica de repercussão.
Na sexta-feira da semana passada, a equipe de reportagem do Jornal Midiamax, flagrou duas situações nas quais a atuação foi mais de assistência social que repressão.
Na primeira, na Aldeia Jaguapiru, quando conversava com uma liderança, foi solicitado ao comandante da equipe que aconselhasse um rapaz que estava agressivo com seus familiares. “Ele às vezes perde o controle e chegou até a ameaçar a mãe. Queria que o senhor desse uns conselhos a ele”, pediu o pai, implorando ajuda.
O sargento que comandava a equipe chamou o rapaz de lado e conversou amistosamente com ele, pedindo que obedecesse os pais, que tomasse os remédios que seriam ministrados e que mantivesse um bom convívio com a família. O rapaz demonstrou grande respeito pela autoridade e prometeu ‘ficar na linha’.
O outro caso envolveu a família da garota de 9 anos que sofreu abuso sexual por parte de oito rapazes da comunidade. A guarnição da Força Nacional foi acionada pela agente de saúde que atende as aldeias com uma situação inusitada.
Um homem que se apresentou como tio da garota queria levar uma irmã dela, de 7 anos para uma aldeia da cidade de Antônio João, mas não tinha nenhum documento comprovando o parentesco ou autorização da avó da garota que tem a sua guarda.
A agente de saúde temendo que o tio insistisse em levar a garota, acionou a Força que atendeu imediatamente. O comandante da guarnição tomou pé da situação e tomou a decisão de encaminhar a menina para o Conselho Tutelar.
“Nós temos um número que nos comunicamos direto com eles e assim que são acionados atendem prontamente. Neste caso não sabia o que fazer e eles deram a solução. É muito bom tê-los por perto”, afirmou a agente de saúde.
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