Médico brasileiro fala sobre combate ao ebola
A OMS (Organização Mundial da Saúde) confirma que 783 pessoas já foram infectadas com o vírus ebola em Serra Leoa. É onde estava Paulo Reis, médico brasileiro que trabalha com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) desde 2005. Ele afirma que as equipes que têm atuado no combate ao Ebola nos países da África Ocidental […]
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) confirma que 783 pessoas já foram infectadas com o vírus ebola em Serra Leoa. É onde estava Paulo Reis, médico brasileiro que trabalha com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) desde 2005. Ele afirma que as equipes que têm atuado no combate ao Ebola nos países da África Ocidental estão sobrecarregadas.
Paulo Reis é considerado hoje um dos médicos mais experientes no tratamento do vírus. O médico está em outros dois projetos de MSF de Ebola e no tratamento de Marburg, febre hemorrágica com sintomas semelhantes ao Ebola e que também exige isolamento.
Em entrevista na sede da organização na última quinta-feira (21), Paulo afirma que “uma das diferenças entre essa epidemia em relação às outras é que ela se espalhou por uma grande extensão geográfica o que dificulta o seu controle, porque para combater o Ebola, além do atendimento médico, é preciso acompanhar as pessoas que tiveram contato com os pacientes para evitar que a doença se alastre e fazer um trabalho intenso de educação com a população”
Paulo estava trabalhando no centro de tratamento de Ebola estabelecido por MSF em Kailahun, leste de Serra Leoa, para onde voltará no fim de agosto, depois de algumas semanas no Brasil.
Quando Paulo deixou Kailahun, a instalação contava com 80 leitos, e essa capacidade está sendo expandida para 88. Hoje, o centro de tratamento de Kailahun é o segundo maior centro de atendimento a pacientes com Ebola gerido por MSF – o maior tem 120 leitos e acaba de ser aberto na Monróvia, capital da Libéria. Localizado a cerca de 420 quilômetros da capital, Freetown, o centro fica em uma região de floresta e recebe uma média de 20 pacientes por dia, metade deles casos confirmados de Ebola. “É um desafio muito grande atender entre cinco e dez novos pacientes de Ebola por dia”.
Paulo conta que para entrar em um centro de tratamento de Ebola, os médicos têm que vestir uma roupa de proteção impermeável que cobre todo o corpo, inclusive o rosto. “Dentro do macacão, com luvas, botas, óculos, a temperatura pode ultrapassar os 40°C. Nessas condições, conseguimos fazer um atendimento, em média, de 40 minutos”, conta Reis. “Para evitar que algum erro seja cometido, trabalhamos sempre em dupla, assim cuidamos uns dos outros.”
Segundo o MSF, na Guiné, a epidemia está estabilizada, mas na Libéria, assim com em Serra Leoa, a situação está se deteriorando rapidamente. Nesses três países, MSF realiza a maior operação de sua história na resposta ao Ebola, com a mobilização de 1.086 profissionais nacionais e internacionais. Mais de 1.300 pacientes foram atendidos pela organização.
Segundo a OMS, considerando esses três países da África Ocidental e a Nigéria, já são 1.460 casos confirmados de Ebola e 805 mortes.
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