Logo em seus primeiros dias com a camisa corintiana, Jadson já percebeu que as coisas deverão ser diferentes na nova casa. Se no São Paulo era motivo de críticas veladas de Muricy Ramalho e vivia à sombra de Paulo Henrique Ganso nos últimos meses, no Corinthians ele foi recebido com braços abertos, sobretudo por Mano Menezes. O treinador criticou até o comentarista Edinho, do Sportv, por um comentário cético às chances de Jadson vingar no Parque São Jorge.

O episódio que motivou a crítica de Mano ocorreu sábado pela manhã, em treino recreativo, o popular rachão. Na véspera do empate por 1 a 1 com o Palmeiras, com ótima atuação de Jadson, o goleiro Júlio César brincou com o novo companheiro de clube e disse que ele não se movimentava nem 10 metros. A “cornetada” de Júlio motivou uma crítica de Edinho, e o treinador corintiano foi veemente na defesa do pupilo.

“O Jadson tinha condição de correr um pouquinho mais que os 10 metros que disse um ex-jogador comentarista de rachão. O Júlio estava fazendo uma brincadeira de rachão. E um ex-atleta, que não tem muita experiência de rachão, resolveu comentar que Jadson não se movimentava, que teria dificuldades no Corinthians e tinha sido péssima a ideia dele vir para cá. Vai provar dentro de campo que pode ser o jogador que o Corinthians precisa”, rebateu Mano.

Se por um lado o episódio pode ser encarado como certa tolice, por outro ilustra o respaldo que Mano dá a Jadson para que se sinta acolhido e valorizado pelo contrato de dois anos e a camisa 10 que recebeu no novo clube. Com Muricy Ramalho, era diferente: no início de 2014, por exemplo, o ex-comandante fez críticas diretas à forma física do meia. Enquanto abraçava Ganso, Muricy mostrava pouca disposição em recuperar Jadson, com quem tinha relação ruim.

Mano queria Jadson e não queria Douglas nem Alexandre Pato

Empresário de Alexandre Pato, Gilmar Veloz admitiu em entrevista à Zero Hora que seu cliente não estava nos planos de Mano, uma decisão que se evidenciou na medida em que Pato não jogou no início do ano. “Ele ficou sem espaço com o novo técnico, que queria o Jadson, e não o Pato”, declarou Veloz.

A admiração de Mano por Jadson surgiu em sua passagem na Seleção Brasileira. Foi o terceiro meia mais lembrado pelo treinador em convocações, atrás apenas de Ronaldinho e Ganso, e teve espaço generoso principalmente na Copa América 2011 – marcou um gol no Paraguai, inclusive, e plantou ali uma semente para um dia jogar com a camisa corintiana.

“Ele vai provar dentro de campo que pode ser jogador que Corinthians precisa. Na armação, na dinâmica de jogo, no trabalho curto por dentro, é um jogador inteligente, faz isso bem e se superou”, declarou Mano sobre as características do número 2010.

Na chegada, Jadson resolveu mais de um problema para o novo treinador. Bruno Paiva, seu empresário, trabalhou para que outro cliente insatisfeito, Douglas, mudasse de equipe e assinasse com o Vasco. Paiva sabia que, se Muricy não gostava de Jadson, Mano também tinha problemas com Douglas desde a Seleção.

Com habilidade, Paiva trocou as peças de lugar: Jadson começa 2014 abraçado pelo Corinthians e Mano Menezes, Douglas chegou cheio de moral ao Vasco e Alexandre Pato tirou a enorme pressão que tinha sobre si no antigo clube.