Destacados ímãs do Reino Unido emitiram uma fatwa (sentença religiosa) que condena como “hereges” os jihadistas britânicos que apoiam o Estado Islâmico (EI) no Iraque e Síria, publicou neste domingo o “Sunday Times”.

Pelo menos seis líderes islâmicos britânicos apoiaram essa “fatwa”, que destaca que os muçulmanos têm “a obrigação moral” de ajudar os afetados pelo conflito da Síria e do Iraque, mas devem fazê-lo “sem trair suas próprias sociedades”.

“Os cidadãos britânicos e da União Europeia têm responsabilidades com seus próprios países segundo a teologia e a jurisprudência islâmica, por isso está proibido que viajem para lutar junto a qualquer grupo na Síria”, assinalaram os acadêmicos islâmicos.

A sentença foi divulgada dois dias depois de o Reino Unido ter aumentado para “grave” seu nível de alerta por terrorismo diante da evolução dos conflitos na Síria e no Iraque.

O novo nível de alerta é o quarto grau em uma escala de cinco e significa que um ataque terrorista é “altamente provável”, apesar de o governo britânico ter sublinhado que não tem informação que aponte para um ataque “iminente”.

O primeiro-ministro, David Cameron, insistiu nos últimos dias que a atividade do EI no Iraque representa “a maior ameaça para nossa segurança que vimos até agora”.

Para Cameron, a recente execução do jornalista americano James Foley por um jihadista que seria de nacionalidade britânica foi uma “prova evidente” que o auge do extremismo “não é um problema que esteja longe, a milhares de quilômetros daqui”.

“A raiz desta ameaça para nossa segurança está clara. É a ideologia venenosa do islamismo extremista que foi condenada por todos os credos e todos os líderes espirituais”, afirmou na sexta-feira o primeiro-ministro.

Um dos signatários da fatwa é Muhammad Shahid Raça, secretário-geral do Conselho da Lei Islâmica do Reino Unido, que destacou a importância da sentença em declarações ao “Sunday Times”.

“Tem muito peso, pois é apoiada por muitos estudiosos de diferenças experiências teológicas e de distintas escolas. Espero que nossos jovens escutem o que estamos dizendo nessa declaração. A fatwa deve oferecer um melhor entorno de segurança”, disse.

O governo do Reino Unido calcula que cerca de 500 de seus cidadãos viajaram para a Síria para combater junto dos extremistas islâmicos.