Lideranças encontram dificuldades em conter avanço de modismos da juventude nas aldeias

As festas embaladas pelo funk, o consumo de bebida alcoólica, pela influência de pessoas que não pertencem à comunidade, a falta de opções de atividades de entretenimento e ainda a tradição cultural das meninas indígenas iniciarem as atividades sexuais prematuramente, são algumas das dificuldades elencadas pelos líderes das aldeias Bororo e Jaguapiru. De acordo com […]

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As festas embaladas pelo funk, o consumo de bebida alcoólica, pela influência de pessoas que não pertencem à comunidade, a falta de opções de atividades de entretenimento e ainda a tradição cultural das meninas indígenas iniciarem as atividades sexuais prematuramente, são algumas das dificuldades elencadas pelos líderes das aldeias Bororo e Jaguapiru.

De acordo com o vice-capitão da Aldeia Bororo, Aderli Machado, de 59 anos, conhecido como Preto, e o cacique da cultura da Aldeia Jaguapiru, Getúlio Juca, de 62 anos, o funk dos mais pesados e a bebida alcoólica foram levados à comunidade indígena por pessoas alheias à cultura e que rapidamente foram assimilados pelos mais jovens.

“Com aqueles mais velhos não temos problemas, pois estes normalmente ficam em casa. Mas os jovens, de 14 a 17 anos são os que mais dão trabalho. Eles bebem e acabam perdendo o controle e não respeitam quando são chamados a atenção. Isto normalmente acaba em agressão física e até mesmo em estupro”, afirma.

Preto era um dos integrantes do grupo de segurança da aldeia e diz acreditar que o fim do grupo tem contribuído para que seja perdido o controle interno. “Por nossa conta vamos reativar a segurança. Nós não andamos armados apenas com porrete, pois sempre tem algum mais valente e precisamos ter meios para contê-lo. Acredito que com a volta do grupo vai diminuir o índice de casos nas aldeias.

Feirinha

A “Feirinha”, que é quando um grupo de rapazes alterados pelo consumo de bebidas ataca meninas, chegando a agressão sexual, tem sido um registro constante nas aldeias e este fato, que para algumas autoridades é considerado cultural, na realidade é uma prática que começou fora da comunidade indígena.

Segundo explicações do próprio vice-capitão Aderli, o início se deu com a implantação das usinas na região. “Os índios que trabalhavam nestas instituições, quando recebiam seus salários contratavam garotas de programa. Era para sair com apenas um, mas um grupo era avisado e também chegava para participar do ato e tudo acabava em agressão à mulher.Com o retorno deles, trouxeram esta prática para as aldeias e quando bebem perdem o controle e fazem a mesma coisa que faziam fora. Mas agora com a volta da patrulha e com a chegada da Força Nacional pretendemos acabar com isso”, afirmou Aderli.

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