O SBT está correndo atrás de um apresentador de telejornal. Tem de ser do sexo masculino, ser preferencialmente jovem, possuir alguma fama e prestígio e, principalmente, envergadura para ancorar um debate entre candidatos à Presidência da República. O profissional ocupará o lugar de Carlos Nascimento no Jornal do SBT, exibido no início da madrugada.

Nos últimos três meses, o SBT tocou o telefone de quatro apresentadores de telejornais. A primeira opção era Evaristo Costa, do Jornal Hoje, mas ele recusou a proposta, dizendo que tem contrato a cumprir com a Globo. André Trigueiro, ex-âncora da Globo News e atualmente repórter da Globo, não quis trocar o Rio de Janeiro por São Paulo e deixar de lado sua especialização, o jornalismo ambiental.

O SBT também sonhava com Chico Pinheiro, do Bom Dia Brasil, apesar de ele não ser jovem como pretendido. Seus executivos avaliavam que ele poderia ser o global mais viável, por causa da carreira já construída e dos rumores de que não estaria bem na Globo. A instabilidade na emissora, no entanto, atrapalhou. O SBT, então, decidiu investir em Eduardo Ribeiro, eventual substituto de Celso Freitas no Jornal da Record. Mas a Record já renovou o contrato dele, encerrando a negociação.

Afastado desde setembro, o jornalista Carlos Nascimento faz tratamento contra um câncer no reto. Mesmo sem poder trabalhar, seu contrato foi renovado, mas por um quinto do salário que ganhava antes.

A falta de um substituto à altura para Nascimento preocupa porque o SBT não tem um jornalista de porte para comandar um debate. Cesar Filho e Hermano Henning não são considerados para essa ão, e Rachel Sheherazade seria rejeitada pelos candidatos de centro e esquerda. Resta apenas Roberto Cabrini, que é mais repórter do que apresentador.

Outro lado

Diretor de jornalismo do SBT, Marcelo Parada nega que tenha procurado jornalistas para a vaga de Carlos Nascimento. “Jamais procurei alguém para o lugar dele. Temos respeito pelo Nascimento e o lugar é dele até ele se restabelecer”, afirma.

Comentaristas demitidos

A demissão dos comentaristas Carlos Chagas, Denise Campos de Toledo José Nêumane Pinto, ocorrida na última sexta-feira, já estava definida pelo SBT desde outubro. Antes de viajar para as férias na Flórida, no final de dezembro, Silvio Santos concordou com os cortes.

Não houve, aparentemente, nenhuma motivação política, apesar de Carlos Chagas e Nêumane Pinto serem críticos do governo Dilma (PT). O fato de o afastamento de Carlos Chagas ter ocorrido na mesma semana em que sua filha, Helena Chagas, perdeu o cargo de ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, teria sido apenas coincidência.

No SBT, avaliava que os três comentaristas já não tinham função. Primeiro, no começo do segundo semestre do ano passado, eles deixaram de aparecer na principal vitrine da emissora, o SBT Brasil, porque o excesso de comentaristas prejudicava a dinâmica do telejornal. Foram para outros telejornais, mas, na avaliação interna, não acrescentaram nada. Optou-se por usar o dinheiro de seus salários (quase R$ 50 mil mensais) na contratação de repórteres e no investimento em produção.