O Irã e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU) firmaram acordo neste domingo (9) com sete novos pontos de cooperação para melhorar a transparência do controverso programa nuclear iraniano. Eles deverão ser aplicados antes do dia 15 de maio, informou o embaixador iraniano na AIEA, Reza Najafi. Entretanto, os detalhes do acordo não foram divulgados até o momento.

Após um dia e meio de conversas, a AIEA e OEAI (a Organização de Energia Atômica do Irã) emitiram um comunicado no qual afirmam que Teerã cumpriu os seis compromissos adquiridos em novembro e concordam em cooperar em outros sete aspectos.

“A República Islâmica do Irã e a AIEA firmaram acordo com sete pontos de cooperação. O diretor-geral [da AIEA, Yukiya Amano] apresentará os detalhes deste acordo ante o conselho de governadores”, segundo um comunicado conjunto, citado pela agência oficial Isna.

O porta-voz da organização atômica iraniana, Behrouz Kamalvandi, afirmou que entre as novas medidas estipuladas não está permitir a entrada dos inspetores do organismo internacional com sede em Viena à instalação nuclear de Parchin, acesso que a AIEA vem reivindicando há anos.

Espera-se que os novos pontos de acordo estejam dirigidos a ampliar a transparência do programa nuclear iraniano. O objetivo é acalmar a inquietação que este gera na comunidade internacional, que teme tenha fins militares, um feito com que Teerã nega taxativamente.

Impasse

O acordo põe fim às negociações entre cinco especialistas da agência da ONU, liderados pelo inspetor-chefe Tero Varjorante, e autoridades da política nuclear iraniana, dirigidos por Najafi.

Estas reuniões fazem parte de um mapa do caminho estabelecido em novembro entre a AIEA e o Irã, que previa seis etapas que Teerã deve cumprir até o dia 11 de fevereiro, entre elas a visita de especialistas da agência à usina de produção de água pesada de Arak (oeste) e a uma mina de extração de urânio em Gachin (sul).

O porta-voz da OIEA, Behruz Kamalvandi, disse que o comunicado afirma que o Irã “cumpriu com seus compromissos”.

“Esperamos que, no clima atual de cooperação (…), o diretor-geral da AIEA apresente um acordo positivo ante a junta de governadores”, acrescentou. Behruz também acrescentou que “não está previsto que os especialistas da AIEA se reúnam com os cientistas” nucleares iranianos.

Os especialistas da agência internacional visitaram no dia 8 de dezembro a usina de produção de água pesada de Arak. Este local forneceria ao Irã, em teoria, plutônio para a fabricação de uma bomba atômica, como alternativa ao enriquecimento de urânio.

O chefe da OIEA, Ali Akbar Salehi, afirmou nesta semana que o Irã estaria disposto a realizar “algumas modificações nos planos (do reator) para produzir menos plutônio”, embora tenha insistido que se trata de um reator de pesquisas.

No fim de janeiro, especialistas internacionais também visitaram a mina de Gachin, que não era inspecionada desde 2005.

Dez anos de inquietações

As atividades nucleares iranianas foram o centro das inquietações internacionais nos últimos dez anos. Alguns países ocidentais e Israel temem que ocultem um objetivo militar, apesar de Teerã desmentir reiteradamente estas acusações.

A AIEA quer determinar se o Irã tentou se dotar de uma bomba atômica antes de 2003 ou mais tarde.

O diretor da AIEA, Yukiya Amano, declarou à AFP em janeiro que havia chegado o momento de abordar este tema altamente sensível.

“Desejamos certamente incluir as questões (relacionadas) à possível dimensão militar nas próximas etapas”, indicou.

A AIEA critica há muitos anos o Irã por sua falta de cooperação, que alimenta as dúvidas sobre os objetivos de seu programa nuclear, e reclama regularmente do fato de seus inspetores não poderem visitar a base militar iraniana de Parchin, suspeita de ter abrigado testes nucleares.

As negociações com a AIEA ocorreram paralelamente às mantidas com as grandes potências, que no fim de novembro chegaram a um acordo em Genebra, através do qual Teerã suspendeu o enriquecimento de urânio a 20% e congelou as demais atividades nucleares, em troca de um levantamento parcial das sanções ocidentais.