Infraestrutura será o maior legado da Copa, avalia Sinaenco

A menos de cinco meses da Copa do Mundo, o Brasil entra na reta final dos preparativos. Apesar de não ter desenvolvido um plano de infraestrutura capaz de beneficiar todas as cidades-sede da forma como parte da população esperava, haverá ganhos segundo as avaliações do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) e do […]

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A menos de cinco meses da Copa do Mundo, o Brasil entra na reta final dos preparativos. Apesar de não ter desenvolvido um plano de infraestrutura capaz de beneficiar todas as cidades-sede da forma como parte da população esperava, haverá ganhos segundo as avaliações do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) e do Ministério do Esporte.

Para o governo federal, até a frustração com os legados das obras resultaram em algo positivo, já que as manifestações ocorridas durante a Copa das Confederações foram apontadas como a retomada do exercício de cidadania pelos brasileiros.

“Essas manifestações fizeram da mobilidade urbana a pauta da década e o grande desafio para dar qualidade de vida às cidades brasileiras. E isso já chegou [aos ouvidos] do governo federal”, disse à Agência Brasil o vice-presidente do Sinaenco, João Alberto Viol. Ele acrescentou que a decisão de fazer a Copa do Mundo no Brasil, possibilitou a discussão dos problemas do país.

Viol ressaltou que um dos aspectos principais desses debates foi a falta de mobilidade urbana. “A sociedade já sentia isso, como bem mostraram as manifestações. Esse é, há alguns anos, o maior problema das cidades brasileiras”, acrescentou.

Para o vice-presidente do Sinaenco – que durante a gestão na presidência do sindicato desenvolveu um trabalho de acompanhamento das obras relacionadas à Copa de 2014 – o país não fez “totalmente a lição de casa”, ao não elaborar um plano de infraestrutura, que deveria ter sido avaliado e cumprido de forma mais satisfatória.

“Ainda que não tenhamos conseguido êxito em um grande número de obras, inicialmente previstas, haverá, sim, benefícios à população. Até o início dos jogos podemos esperar a conclusão de algumas obras de mobilidade”, disse João Alberto Viol. “Mas é muito importante que as obras de mobilidade continuem, mesmo que depois da Copa. Não se pode esperar algo que não seja isso”, enfatizou.

Entre as obras que o Sinaenco destaca como maiores legados para o país estão os aeroportos, os estádios, terminais portuários destinados aos turistas e a antecipação da tecnologia de quarta geração para a telefonia móvel (4G).

“Os seis portos [Natal, Fortaleza, Manaus, Recife, Salvador e Santos], que eram de carga e foram reformados para receber passageiros, estão entre as obras previstas para a Copa. Certamente não serão tão usados durante o evento porque os navios de cruzeiro estarão na Europa, onde será alta temporada. Mas isso não tira deles a importância como legado, já que vão potencializar bastante o turismo no país”, argumenta o integrante do Sinaenco.

Muitas obras em aeroportos ficarão apenas parcialmente prontas até junho e tanto o Sinaenco como a Infraero não acreditam em maiores problemas para os usuários. “Ainda que alguns aeroportos fiquem devendo, isso provavelmente não implicará em riscos de comprometimento dos jogos. Já temos um histórico de grandes eventos nacionais que ampliam bastante a demanda por voos, com picos até maiores do que o esperado para a Copa”, disse Viol.

Para evitar maiores problemas, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou que está redefinindo a malha de voos regulares para o período da Copa. A empresa pretende garantir o atendimento das demandas específicas para o evento. Serão redistribuídos os slots (horários de pousos e decolagens) de 25 aeroportos. Doze deles nas cidades-sede e 13 localizados a uma distância de até 200 quilômetros dos locais dos jogos.

“Claro que poderemos ter situações de aeroportos superlotados e com as obras ainda não concluídas e pode ocorrer, eventualmente, alguns atrasos ou cancelamentos. Mas não será muito diferente do que já é nosso cotidiano. Mesmo que seja no sufoco, a situação será contornável”, acrescentou. Entre os legados aeroportuários, o Sinaenco destaca o do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), que agregará mais 12 milhões de passageiros por ano aos atuais 35 milhões.

Já o Ministério do Esporte avalia que os legados não estão restritos às obras físicas e abrangem, também, o que classifica por legados “sociais” e “intangíveis”. Entre os “legados sociais”, representantes do ministério destacam as qualificações profissionais de milhares de brasileiros para recepcionar turistas estrangeiros e brasileiros.
“Só no Pronatec Copa, mais de 90 mil pessoas estão sendo capacitadas para atuar no Mundial. Sem contar as iniciativas individuais e de empresas privadas, como os cursos de línguas que hotéis estão oferecendo a seus trabalhadores”, informou por meio de nota.

Entre os legados classificados como intangíveis – que não pode ser determinado com precisão -, os técnicos destacam o trabalho de integração de sistemas e ações das instituições de segurança dos estados e da União que permitirá, por exemplo, ações de controle de acesso em estradas e aeroportos, além do trabalho de inteligência. Foram investidos R$ 1,9 bilhão em equipamentos e na montagem de 14 centros de comando e controle (dois nacionais e 12 regionais) para integrar esses sistemas. Após a Copa do Mundo, esse legado terá, como destino, os órgãos de segurança.

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