A ministra da Família da França, Dominique Bertinotti, justificou a retirada de seu projeto de lei que pretendia, entre outras coisas, legalizar a reprodução assistida para os casais de lésbicas, porque a oposição que tinha suscitado tinha dado lugar a um debate “irracional”.

“É preciso ter a prudência de dizer que é preciso fazê-la em outro momento”, disse a ministra em entrevista à rede de televisão BFM TV Bertinotti, quem precisou que a decisão de renunciar a essa proposta legislativa foi do presidente da República, François Hollande, e do primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault.

A ministra socialista, que tinha sido a promotora do texto, justificou a nova posição do Executivo após as manifestações contra ela no domingo porque “precisava dar fim ao que tinha se tornado irracional”, já que os opositores denunciavam elementos que na realidade não estavam no projeto de lei e não se queriam legalizar, como a barriga de aluguel.

“Precisava dizer ‘stop’ para pôr os verdadeiros elementos racionais nessa lei sobre a família”, explicou.

A titular da pasta de Família, que descartou sua renúncia porque não foi questionada nem por Hollande nem por Ayrault, reconheceu que “política é levar em conta o momento e o instante”.

Embora tenha admitido que a nova regulação da reprodução assistida “não será feita imediatamente” e que não sabe se será possível voltar a apresentar durante o atual mandato presidencial – que termina em 2017 – considerou que no futuro “precisará abordar essa questão” e que ela é “propícia”.

“Sou consciente de que não chegou a hora da reprodução assistida” e “não quero reabrir o debate”, explicou.

Precisou que o Executivo deixa esse tema “nas mãos do Conselho Nacional de Ética, que pode dar serenidade”, e disse confiar em que “apresentará respostas detalhadas”.

Por sua vez, a ministra da Saúde, Marisol Touraine, não fechou hoje a porta para que os deputados socialistas introduzam propostas sobre alguns elementos da lei retirada pelo governo, já que o grupo socialista “tem uma margem de autonomia”.

No entanto, em entrevista à emissora RFI, Marisol reiterou que o Executivo não quer que reapareçam os debates sobre a reprodução assistida e a barriga de aluguel.

Alguns deputados socialistas, revoltados com o abandono do projeto na segunda-feira, adiantaram que têm intenção de submeter à Assembleia seus próprios textos.