“A guerra é da alta renda contra baixa renda”, diz um artigo divulgado neste sábado no site do jornal britânico The Guardian. O texto, assinado pela jornalista Nicole Froio, comenta os últimos atos de violência no Brasil, como o jovem negro que foi preso a um poste e o protesto que resultou no ferimento de um cinegrafista, que acabou na UTI de um hospital no Rio de Janeiro.

“Enquanto o governo foca na Copa do Mundo para agradar a comunidade internacional, ele negligencia as pessoas mais que o normal, e as coisas podem ficar pior.”

Segundo Nicole, os atos de violência, em especial a agressão ao jovem negro, são resultado direto das manifestações de junho. Ela afirma que a tentativa do governo de aumentar as passagens de ônibus somente lembrou à população que, desde os atos do ano passado, a situação do País somente piorou.

“Talvez as pessoas tenham percebido que protestar não os levou a lugar nenhum, exceto por mudanças em curto prazo. O governo está mandando uma mensagem clara: nós faremos o que quisermos e os protestos não podem nos parar. Essa mensagem é perigosa porque o povo agora se sente capaz de roubar, de usar a violência e tortura quando qualquer criminoso que a polícia falhe em capturar.”

A jornalista afirma que os moradores das favelas são motivados ao crime pela falta de oportunidades, enquanto a classe média fica cada vez mais assustada pela violência e preocupada com sua segurança. Nicole afirma que 33 mil pessoas foram mortas no Rio em 2013 – na verdade, esse dado, conforme a própria fonte utilizada no artigo, se refere a homicídios entre 2007 e junho de 2013.

Nicole cita ainda o caso de uma apresentadora de TV que defendeu o ato dos “justiceiros” contra o jovem negro e de um vídeo que mostra um homem branco pedir a prisão de dois negros porque achava que eles iriam assalta-lo.

“A raiva contra o governo está virando a população uma contra o outra e, apesar do glorioso pôr-do-sol do Rio, a atmosfera é de medo e tristeza em uma cidade com grande potencial.”