A decisão é considerada no meio jurídico uma afronta à autoridade do Conselho Federal da Ordem

O grupo de oposição na OAB-MS, que há meses luta para desestabilizar a instituição, pediu demissão hoje após frustradas várias tentativas para afastar o presidente Julio César Rodrigues.

A decisão é considerada no meio jurídico uma afronta à autoridade do Conselho Federal da Ordem. Segundo advogados ouvidos pelo Midiamax, sob a garantia de anonimato, a medida extrema  expõe o verdadeiro interesse do grupo, pois historicamente membros das seccionais aguardam e respeitam os procedimentos e prazos do Conselho Federal para deliberar sobre as pautas a ele submetidas.

Para eles, portanto, a renúncia de representantes do grupo ignora que representações por eles encaminhadas ao Conselho Federal, alegando supostas irregularidades com pedido de afastamento, estão em apreciação naquele colegiado.

Destacam ainda o fato de que com o intuito de harmonizar os interesses da OAB em Mato Grosso do Sul o Conselho Federal designou um observador para garantir o cumprimento do estatuto, do regulamento geral da advocacia e do regimento, diante da ação permanente de grupo de oposição para desestabilizar o presidente. Como então, dizem esses advogados, membros de um grupo se retiram no momento em que estão em curso o cumprimento das atividades atribuídas pelo Conselho ao observador..

E vão além, dá a entender que os líderes do movimento, advogados Carlos Marques, Carmelindo Rezende, Leonardo Duarte e Elenice Carrile, enfraquecidos, buscaram uma “saída honrosa” após frustrada a última tentativa junto ao Conselho Federal para afastar o presidente, na reunião do último dia 17.

O presidente da OAB-MS, Julio Cesar Rodrigues, afirmou que cumpre e continuará a cumprir o estatuto, o regulamento, o regimento e as orientações e deliberações do Conselho Federal. “Essa é a tradição da Ordem”, e jamais faria de outra forma.

A propósito da renúncia de membros da diretoria e do Conselho, o presidente informou que a renúncia do grupo é quebra de paradigma na secional-MS, pois é um ato histórico decorrente da motivação política. Acrescentou que os trabalhos da OAB-MS seguem em ritmo normal e nenhuma das ações em curso será prejudicada.

A renúncia de Carlos Marques, que ao lado de Elenice Carille e Carmelindo Rezende sempre lutaram por poder na Ordem, é comemorada inclusive pela oposição histórica a esse grupo que agora se divide. O ex-presidente da OAB, Leonardo Duarte, que havia pedido licença do Conselho Federal após ser flagrado em irregularidades no concurso da Secretaria Fazenda, cancelado pelo governador após a revelação da fraude, seguiu o líder Carlos Marques e renunciou.

“Esse pessoal vivia pendurado na Ordem e não conseguiu mandar no Julio. Agora abre-se espaço para os mais novos”, afirmou um dos advogados ouvidos pelo Midiamax.