Em entrevistas coletivas em Brasília e no Rio de Janeiro, a cúpula do gerenciamento do sistema elétrico nacional negou que a onda de calor e os baixos níveis dos reservatórios no Sudeste estejam por trás do apagão da tarde desta terça-feira, que deixou ao menos 3 milhões de pessoas sem luz em 11 Estados.

No Rio, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, disse que o problema foi causado por um curto-circuito numa linha de transmissão em . Agregou que historicamente nesta época do ano a maior parte da energia elétrica vem do Nordeste, já que há menos chuvas no Sul e no Sudeste.

A “perturbação” ao sistema aconteceu entre 14h03 e 14h41, com a interrupção do fluxo de 5 mil MW entre Colinas (TO) e Serra de Mesa (GO), informou o ONS em nota à imprensa.

As causas do curto-circuito serão informadas nos próximos dias, após análises feitas em conjunto com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e supervisionadas pelo Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico.

‘Apagão de médio porte’

Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), destacou que o sistema se comportou como deveria, fazendo o desligamento temporário em diferentes pontos do país, e evitando assim um apagão de uma região inteira, como no ano passado, quando o Nordeste ficou às escuras.

“Conseguiram evitar um efeito dominó, de apagar uma região inteira”, afirmou, destacando que o sistema vem passando por uma série de “provas”.

“Eu diria que nosso sistema está passando por provas. Tivemos o pior janeiro das últimas décadas, e no ano passado o Nordeste também teve um momento ruim. Estamos aí, estamos passando por elas”, disse.

Para Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), o sistema foi planejado para trabalhar em situações de sobrecarga maiores até do que a atual.

No entanto, o vice-ministro admitiu que o país viveu nesta terça-feira um “apagão de médio porte”.

Na segunda-feira, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a situação dos reservatórios de água, que no Sudeste estão no nível mais baixo desde 1953, não é preocupante e que não há “nenhum risco de desabastecimento”.

Outra preocupação levantada por analistas é o uso de usinas termelétricas para compensar a baixa produção das hidrelétricas em períodos de seca, o que deve levar a um repasse de custos ao consumidor. O governo nega que haverá reajustes.