Uma filha do ex-deputado José Genoino (PT-SP) e uma advogada do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares rebateram, em nota, as suspeitas levantadas ontem (4) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de que poderia haver lavagem de dinheiro nas doações feitas aos petistas após campanha de arrecadação na internet.

A professora Miruna Genoino e a advogada Maria Leonor Poço Jakobsen se colocaram à disposição das autoridades para comprovar a origem das doações que somaram mais de R$ 1,7 milhão. Segundo a Folha de S. Paulo, o Ministério Público Federal abriu investigação para apurar se houve irregularidade nas doações. As duas afirmaram, ainda, que houve total transparência no levantamento dos recursos para pagar as multas impostas pela Justiça aos condenados no julgamento do mensalão.

“A campanha foi feita por muita gente com nome, RG e CPF (no caso do meu pai, temos 2.620 pessoas que nos mandaram essas informações, por exemplo) e por isso não temos medo de provar nada, caso seja necessário”, afirmou Miruna, em nota enviada ao Blog da Cidadania. Em sete dias de campanha na internet, familiares e amigos de Genoino arrecadaram R$ 770 mil para pagar a multa de R$ 667,5 mil determinada pela Justiça. O excedente foi repassado a Delúbio.

Já a advogada do ex-tesoureiro do PT informou que 1.668 doadores colaboraram com a “vaquinha” feita para ele. Delúbio conseguiu arrecadar R$ 1.013.657,26 pela internet. Mais de R$ 600 mil apenas num dia. Somados os números divulgados pelos dois petistas, o total de contribuintes chega a 4.288 pessoas, o que daria uma média de R$ 415 por doador. A sobra de Delúbio será repassada ao ex-ministro José Dirceu, que terá de pagar R$ 971 mil à Justiça.

Segundo Maria Leonor Poço Jakobsen, as contribuições foram feitas por livre e espontânea vontade, dentro das possibilidades de cada um. “Conforme nossa solicitação, os doadores são identificados com seus RG e CPF, e depositaram em conta da Caixa Econômica Federal, especificamente aberta para tal campanha solidária”, escreveu a advogada em nota.

Para ela, o sucesso da campanha foi um protesto às “arbitrariedades” do julgamento do mensalão. “Absoluta transparência norteou nosso trabalho, e o êxito desta campanha representa uma resposta pública de protesto pelas arbitrariedades praticadas na AP 470. Assim, o valor excedente ao pagamento da multa será doado para atender a mesma penalidade imposta aos demais companheiros”, acrescentou.