Não basta pagar, tem que dar conforto. A estreia relação entre torcidas organizadas e Fluminense não envolve apenas distribuição de dinheiro e ingressos. Um balanço feito pela atual diretoria, que chegou às mãos de conselheiros e ao qual o GloboEsporte.com teve acesso, mostra que a gestão de Peter Siemsen pagou até passagem aérea para a viagem de uma organizada a Florianópolis para um jogo contra o Avaí, pelo Brasileirão, em 2011. A facção Young Flu foi a beneficiada.

O levantamento foi feito numa planilha de Excel e resume detalhadamente os pagamentos durante os últimos 38 meses. De janeiro de 2011 a fevereiro de 2014, foram destinados às organizadas precisamente R$ 3.887,057,40 – parte em dinheiro, parte em ingressos. A viagem a Santa Catarina custou ao clube R$ 9.761,40, que foram pagos à empresa Welys Viagens e Turismo. Avaí e Fluminense se enfrentaram em 26 de junho daquele ano, mas o lançamento da despesa ocorreu em outubro.

Naquele mês, aliás, foram gastos R$ 28.396,40 com ajuda de custo e caravanas. O recorde da gestão Peter ocorreu em novembro de 2013, quando o clube desembolsou R$ 99.500,00 com esse tipo de despesa. De janeiro de 2011 a fevereiro de 2014, o Fluminense gastou exatos R$ 427.497,40 com ajuda de custo e caravanas.

O balanço traz um detalhado levantamento do dinheiro repassado às torcidas. Há nos registros, por exemplo, despesa de R$ 22.775,00 em agosto de 2011 com duas viagens: para Sete Lagoas-MG e Santos-SP. Naquele mês, o time enfrentou América-MG e Santos fora de casa pelo Brasileiro. Ao todo, seis facções receberam: Young Flu, Força Flu, Jovem Flu, Garra Tricolor, Fiel Tricolor e Flunitor. Para esta última, o clube pagou R$ 900,00 pelo aluguel de um ônibus. O lançamento da despesa ocorreu em setembro.

O objetivo do levantamento era dar subsídio para que o presidente Peter Siemsen explicasse a relação no Conselho Deliberativo tricolor. Os números já conhecidos nos bastidores do clube assustaram conselheiros. Todos os gastos estão registrados no departamento financeiro do Fluminense. A publicação dos dados na última sexta-feira pelo GloboEsporte.com tumultuou os bastidores do clube, e Peter logo deu início a uma caça às bruxas.

A divulgação se dá num momento em que Fred, capitão do time e ídolo tricolor, reprovou recentes protestos e classificou um grupo das organizadas como “marginais travestidos de torcedores” e “bando de à toa”. O desabafo foi postado no Facebook.

Os episódios recentes serviram para agitar ainda mais o clima político do Tricolor. Na tentativa de acalmar os ânimos, foi tomada uma medida emergencial. O corte feito para a partida contra o Horizonte, quinta-feira passada, pela Copa do Brasil, no Maracanã, foi o primeiro ato. Dos 1.200 ingressos acordados com as organizadas, ficaram 400. Foi uma espécie de recado às facções, mas a diretoria tentará manter o número reduzido para dar uma resposta ao assunto do momento nas Laranjeiras colocado em pauta por Fred.