Fernando Henrique Cardoso e outros três ex-presidentes latino-americanos condenaram nesta quinta-feira a violência e a criminalização dos protestos na Venezuela, fazendo um apelo ao governo e a todos os partidos e atores políticos para que adotem “um debate construtivo” que permita preservar a democracia.

“Apelamos especialmente ao governo para que contribua com a criação, sem demora, das condições propícias para este debate, com uma agenda compartilhada e sem exclusões”, propuseram FHC e os ex-presidentes da Costa Rica, Oscar Arias, Chile, Ricardo Lagos, e Peru, Alejandro Toledo.

O documento foi publicado por Arias, Prêmio Nobel da Paz 1987, em sua conta no Facebook.

Os ex-presidentes foram convidados pelo líder opositor Leopoldo López a interceder na busca de uma solução para a crise, mas a declaração não faz qualquer referência neste sentido.

Os quatro ex-presidentes manifestaram sua “preocupação e alarme” pelos acontecimentos ocorridos na Venezuela durante as últimas semanas, onde os protestos contra o governo de Nicolas Maduro já deixaram 20 mortos, 260 feridos e centenas de detidos.

“Estão ameaçando a imprensa independente e impedindo que os meios de comunicação informem sobre os acontecimentos, e isto inclui a retirada do ar de um canal internacional de televisão e a ameaça contra outro, agressões físicas a jornalistas e ausência de papel para a imprensa”.

Os ex-presidentes condenam a “criminalização dos protestos e da oposição democrática”, em particular a detenção de estudantes e de Leopoldo López.

“Mas também é indispensável que os protestos da oposição se mantenham pacíficos (…) e baseados no respeito às distintas autoridades do país, nos termos pautados pela Constituição venezuelana”.

Segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), ao menos 89 jornalistas foram agredidos, roubados ou detidos sem justificativa na Venezuela desde o início dos protestos.

“A Guarda Nacional levou adiante uma escalada de detenções e de roubo de equipamentos e de material gráfico, em uma ação absolutamente repressiva e violatória do direito ao trabalho e da liberdade de expressão”, disse o secretário-geral do SNTP (na sigla em espanhol), Marco Ruiz.