Felipe VI de Borbón jurou nesta quinta-feira (19) fidelidade à Constituição em sua proclamação como novo rei da Espanha, diante de senadores e deputados reunidos no Congresso em Madri.

“Juro desempenhar fielmente minhas funções, guardar e fazer guardar a Constituição e as leis e respeitar os direitos dos cidadãos e das Comunidades Autônomas”, afirmou Felipe VI diante dos deputados e senadores no Congresso.
Em suas primeiras palavras, Felipe prestou homenagem ao pai por seu papel na “reconciliação” da Espanha após a morte do ditador Francisco Franco (1939-75) e por “reconhecer a Espanha em sua pluralidade”.

O novo rei, de 46 anos, expressou sua fé na unidade da Espanha, em um país que enfrenta o desafio do desejo de independência da Catalunha, que também volta a ganhar força no País Basco.

“Temos fé na unidade da Espanha, da qual a Coroa é símbolo”, afirmou durante a proclamação no Congresso, diante dos presidentes regionais, entre eles o catalão Artur Mas e o basco Iñigo Urkullu.

A Constituição de 1978 “reconheceu nossa diversidade como uma característica que define nossa própria identidade, ao proclamar a vontade de proteger todos os povos da Espanha, suas culturas e tradições, línguas e instituições. Uma diversidade que nasce de nossa história, nos engrandece e deve nos fortalecer”, disse.

Depois de pedir que “nunca se rompam as pontes do entendimento”, defendeu a diversidade do país e terminou o discurso com agradecimentos em espanhol, galego, catalão e euskera, o idioma do País Basco, onde o desejo de independência também ganha força.

“Desejamos uma Espanha na qual todos os cidadãos recuperem e mantenham a confiança em suas instituições e uma sociedade baseada no civismo e na tolerância, na honestidade e no rigor, sempre com uma mentalidade aberta e construtiva e com um espírito solidário”, declarou.

Felipe VI terá ainda a tarefa árdua de devolver o brilho a uma monarquia desgastada pelos escândalos, que abalaram a família real e provocaram a queda da popularidade de seu pai Juan Carlos I, e a crise econômica.

Assim, o novo rei prometeu uma monarquia “íntegra e transparente”, em seu primeiro discurso.

A cerimônia, para a qual não foram convidados chefes de Estado ou representantes de outras famílias reais, não contou com a presença de uma das irmãs do novo rei, a infanta Cristina, nem do marido desta, Iñaki Urdangarin, ambos indiciados em um caso de suposta corrupção.

Felipe VI também aproveitou o discurso de proclamação para destacar com “generosidade o imenso valor” dos vínculos que unem a Espanha com a América Latina.

Ele destacou a proximidade cultural, econômica e linguística entre Madri e suas ex-colônias, “um ativo de imenso valor que devemos potencializar com determinação e generosidade”.
Recebido com honras militares, o novo rei, que em sua chegada passou a tropa em revista, presidiu depois do juramento um desfile militar diante do Congresso antes de percorrer com Letizia, desta vez em um automóvel conversível e acompanhados por guardas em cavalos brancos, o centro de Madri, enfeitado com flores brancas e bandeiras espanholas.

Helicópteros sobrevoavam a cidade desde o início da manhã e quase 7.000 policiais garantiram a a segurança. Pequenas manifestações a favor da república foram convocadas, mas as autoridades proibiram os atos.

Um telão no centro da capital exibiu a cerimônia ao vivo. As autoridades acreditam que 10.000 pessoas devem comparecer ao Palácio Real para observar Felipe VI e Letizia na varanda, ao lado de Juan Carlos e Sofía.

Uma recepção para 2.000 convidados e embaixadores estrangeiros encerrará o dia.