Quem acompanhou a carreira do MC Guimê nesses últimos três anos notou que, além das tatuagens, que hoje cobrem boa parte do corpo do artista, todo seu visual evoluiu. Camisas com botão e mangas dobradas e camisetas coloridas tomaram o lugar de outras mais simples e passaram a ser combinadas a calças e bermudões lisos. Os acessórios continuam lá, em abundância: boné, óculos de sol, relógio e corrente ajudam a completar o estilo ostentação, que domina a moda entre os jovens brasileiros.

As marcas presentes nas letras de suas músicas eram reflexo direto das roupas que compunham seu look, ou “kit”, na gíria usada pelo funk paulista. “Tênis Nike Shox, bermuda da Oakley, camisa da Oakley, olha a situação”, cantava ele em “Tá Patrão”, hit que virou clipe lançado em 2011 e estrelava um Guimê ainda de óculos com lente espelhada e conjuntos bem menos arrojados.

“Eu usava bastante roupa de surfe. Aí fui frequentando lugares, e usando mais outros tipos de roupa. Evolui conforme a carreira”, explicou ele.

O acesso a novidades da moda veio por meio do cenário norte-americano de música, com inspiração no estilo de rappers como Wiz Khalifa, Lil’ Wayne e o canadense Drake. “É a referência, não que eu vá vestir igual ao cara. Fui adaptando, e criei o meu estilo”, explicou. Guimê contou que não consegue mais frequentar shoppings, então pede para seus produtores comprarem suas roupas. As orientações, no entanto, são bem detalhadas, com cores e modelos determinados. “Anoto até no bloco de notas do celular”, contou.

A dica para o visual do cantor é pensar sempre no “kit” pronto, já deixando bem claro na mente o que vai combinar com o que. “Sou muito apegado a essa parada de combinar cores. Compro a camiseta já pensando na calça”, disse ele, que tem como peça-chave atual o jeans, seja calça ou bermuda.

No começo de abril, MC Guimê foi o convidado especial da primeira fila do desfile masculino de Alexandre Herchcovitch, no São Paulo Fashion Week. Para a sua primeira aparição numa semana de moda, o artista vestiu costume (paletó e calça social) assinado pelo estilista, com direito a “selfie” tirada ao lado do pai de Herchcovitch.

Será que em seus próximos sucessos na rádio, ele vai cantar sobre “kits” com conjunto Herchcovitch, tênis da Osklen e cinto Vuitton?

Ostentação legítima

Tanto no início da carreira, com visual surfista, quanto agora, mais ligado ao mercado de moda, Guimê se apropriou dos logos e design de algumas marcas para reforçar, com a sua imagem, a mensagem da ostentação. E ela tem de ser legítima, nada de pirataria.

“Faço questão de comprar original. Desde antigamente, sempre tive essa visão: melhor você comprar o original, que não é tão caro, do que comprar o falso que é de marca. É melhor comprar a coisa que tem a qualidade”, afirmou. Ele não condena as pessoas que querem impressionar usando produto pirata, mas não vê muita coerência na pose. “A pessoa tem de se sentir bem. Se está se sentindo bem com aquele falsificado, legal. Mas aí a pessoa não está ostentando a parada que é da marca, está ostentando algo falso. É difícil”, disse.