Espécie de boto recém-descoberta na Amazônia está ameaçada
Após quase um século sem notícias de novas espécies de botos no mundo, cientistas brasileiros descobriram uma na Amazônia que já está ameaçada de extinção pela ação do homem, disse nesta semana à Agência Efe o professor Tomas Hrbek, responsável pela pesquisa. A espécie, descoberta no rio Araguaia (que nasce no Mato Grosso), tem mais […]
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Após quase um século sem notícias de novas espécies de botos no mundo, cientistas brasileiros descobriram uma na Amazônia que já está ameaçada de extinção pela ação do homem, disse nesta semana à Agência Efe o professor Tomas Hrbek, responsável pela pesquisa.
A espécie, descoberta no rio Araguaia (que nasce no Mato Grosso), tem mais de dois milhões de anos e os pesquisadores acreditam que provém da mesma família dos conhecidos como botos-cor-de-rosa, comuns nas águas do rio Amazonas, por isso durante séculos pensou-se que se tratava do mesmo tipo.
“Após realizar alguns testes intuímos que os dois golfinhos (os do Amazonas e os do rio Araguaia) eram diferentes. Investigamos e fizemos análise em laboratório e reafirmamos dita conclusão em 2012”, disse Hrbek, professor da Universidade Federal do Amazonas, que recentemente publicou o estudo na revista científica internacional “PLoS One”.
Segundo o professor, trata-se do primeiro boto descoberto nos últimos 100 anos, quando os cientistas identificaram na China a espécie conhecida como Lipotes vexillifer, declarada extinta em 2008 após uma expedição em que não foram encontrados mais exemplares.
Hrbek teme que a nova espécie descoberta tenha o mesmo fim que o conhecido popularmente como boto branco chinês.
De acordo com o pesquisador, embora se necessitem mais estudos para falar de perigo de extinção, se trata de uma espécie “vulnerável” que está sendo ameaçada pela presença de hidrelétricas na região e pelos cultivos agrícolas nas proximidades do rio, que aumentam os sedimentos e turvam a água.
“Os resíduos das hidrelétricas mudam a migração, sua dinâmica, o que afeta os peixes e pode fazer com que os botos fiquem sem comida”, comentou Hrbek.
Segundo os acompanhamentos realizados até o momento pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), existem entre 600 e 1.500 exemplares da nova espécie de boto na região.
O estudo demonstrou que o boto, batizado cientificamente como Inia aragualiaensis, possui características morfológicas e moleculares diferentes às do boto-cor-de-rosa amazônico, reconhecidos por seus pequenos olhos e seu grande crânio.
“As diferenças morfológicas são pequenas, por exemplo: as proporções do crânio são diferentes, os dentes são menores… O boto do Araguaia é um grupo isolado dos botos-cor-de-rosa”, disse o cientista, que acrescentou que a principal diferença é genética.
A espécie é uma grande atração turística no Amazonas, por seu temperamento afável e sua facilidade de trato com os humanos.
A visita constante de grupos de turistas superalimenta os animais, mas conseguiu reduzir sua caça, já que sua carne servia anteriormente de isca para a pesca em grande escala.
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