Epidemia de ebola só será controlada em seis meses, prevê ONG

A presidente da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras disse nesta sexta-feira que vai demorar cerca de seis meses para que a epidemia de ebola – já matou mais de mil pessoas – seja controlada no oeste da África. Joanne Lui disse em Genebra que controlar o surto na Libéria é fundamental para conter a epidemia […]

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A presidente da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras disse nesta sexta-feira que vai demorar cerca de seis meses para que a epidemia de ebola – já matou mais de mil pessoas – seja controlada no oeste da África.

Joanne Lui disse em Genebra que controlar o surto na Libéria é fundamental para conter a epidemia e fez um apelo para que mais profissionais de saúde internacionais com experiência prática se juntem aos esforços contra a doença.

Segundo ela, postos de saúde estão superlotados na África. Até agora, oito profissinais de saúde já morreram contaminados com o ebola nesta epidemia.

Por sua vez, a OMS (Organização Mundial de Saúde) afirmou que a escala do surto de ebola pode ter sido “muito subestimada” e que seus funcionários viram provas de que os números de casos não refletem o tamanho da crise.

“Funcionários nos locais onde ocorre o surto viram provas de que os números de casos e mortes registrados subestimam muito a magnitude do surto. A OMS está coordenando um grande aumento na resposta internacional (à doença)”, informou a OMS.

A OMS afirmou que são necessárias “medidas extraordinárias” para conter a doença.

A organização diz que deslocou 500 pessoas para ajudar no combate ao ebola e que lançou uma campanha para arrecadar US$ 100 milhões para esse fim.

‘Por algum tempo’O surto começou na Guiné, em fevereiro, e, desde então, se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Até o momento, 1.069 pessoas já morreram devido à doença.

Apesar das declarações da OMS, a organização afirmou que o risco de transmissão da doença durante viagens aéreas continua baixo, pois o ebola não é transmitido pelo ar.

Por isso, a companhia aérea Kenya Airways, do Quênia, rejeitou os pedidos de suspensão dos voos para países do oeste da África atingidos pela doença.

A OMS disse ainda nesta sexta-feira que o surto de ebola deve continuar “por algum tempo”.

Parte do desafio está no fato de que o surto ocorre em “locais caracterizados pela pobreza extrema, sistemas de saúde problemáticos, uma grande falta de médicos e o medo excessivo”, acrescentou a organização.

Na Nigéria, onde quatro pessoas morreram devido à doença, o programa de residência e treinamento para médicos que trabalham em hospitais públicos foi suspenso em meio a uma greve nacional de médicos que ocorre no país desde julho.

O correspondente da BBC na África Chris Ewokor afirmou que o fim deste programa de treinamento, que afeta cerca de 16 mil médicos, deve estar ligado à greve. Segundo a Constituição do país, não é permitido colocar outros médicos para trabalhar no lugar dos grevistas.

Temendo a disseminação da doença, as autoridades nigerianas agora querem trazer médicos militares para os hospitais como parte de um plano de contingência, acrescentou o correspondente.

Os casos de ebola na Nigéria estão ligados a um funcionário do governo da Libéria, Patrick Sawyer, que já morreu. Ele trouxe a doença para a cidade de Lagos em julho.

A doença é transmitida pelo contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada.

Não há cura para o ebola, mas os pacientes têm maiores chances de sobrevivência se receberem tratamento cedo.

Os sintomas iniciais são semelhantes ao de uma gripe, mas a doença pode levar a hemorragias nos olhos e gengivas, e hemorragia interna que pode levar à falência de órgãos.

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