Em 2013, o mercado imobiliário de Mato Grosso do Sul movimentou R$ 1,9 bilhão em financiamentos, registrando um crescimento de 11% em relação ano anterior. Para 2014, a projeção é de o setor é atingir R$ 2,1 bilhões em linhas de crédito, que deverá ser impulsionada pelo pequeno empreendedor da construção.

No ano passado, o investidor de menor porte representou, segundo dados da Caixa Econômica Federal, 40% do mercado, com uma fatia quatro vezes maior que a das grandes empresas. Em uma palestra realizada na quinta-feira (6), no auditório do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), o superintendente do banco estatal, Paulo Antunes de Siqueira, afirmou que o cenário indica uma tendência.

“O sul-mato-grossense acredita no potencial do mercado imobiliário local e por isso é cada vez maior o número de pequenos empreendedores que atuam no ramo. É o pequeno construtor que investe hoje em diversas áreas da cidade, contando com a realidade de hoje, que permite uma enorme quantidade de linhas de crédito”, reforçando a tese, o presidente do Creci-MS, Delso José de Souza.

Obstáculos

De acordo com Zilfa Gomes Andrekowisk, a vida do pequeno empreendedor na construção civil do Estado não é tão romântica quanto a Caixa Econômica Federal anuncia. Para a construtora, que atua no Mercado desde 2010, os bancos estatais são os maiores culpados pelas dificuldades no setor, em virtude da demora para pagamentos e critérios de avaliação imobiliária.

“Para construir a casa são quatro meses, só que o pequeno empresário só recebe um ano depois. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal demoram cerca de oito meses para fazer o pagamento do construtor. Além disso, eles seguem um critério deles de avaliação, que não leva em conta a valorização dos terrenos. A consequência disso são problemas de reposição, que fazem o empreendedor ser empurrado a mudar de região”, reclama Zilfa.

A ‘reposição’ citada pela construtora diz respeito à diferença de números entre duas casas iguais, comercializadas pelo mesmo empresário na mesma rua em um bairro de Campo Grande. Conforme Zilfa, a avaliação errada dos bancos faz com que ela venda um imóvel seu por um valor x, que não será suficiente para construir outra residência igual no mesmo lugar.

Em virtude disso, a empresa dela precisa sazonalmente mudar suas operações de bairro, o que interfere nas vendas, no planejamento e, segundo Zilfa, uma migração sempre para regiões mais periféricas e sem estrutura.

“Se o banco liberasse o meu dinheiro mais rápido, ou linhas de crédito melhores eu poderia investir no crescimento e valorização de um bairro. Sem isso só quem possui R$ 17 mil livres consegue comprar. Além do custo de reposição, prejudicado pela forma deles avaliarem, o pequeno sofre na mão da Prefeitura com a liberação dos alvarás e do Habite-se. A burocracia impede que o mercado cresça mais”, ataca a empresária, que economizou anos para atuar no ramo durante os primeiros anos da sua aposentadoria da iniciativa privada.