Em ‘carta ao mundo’, presidente da Libéria fala em ‘geração perdida’ para o ebola
A presidente da Libéria, Ellen Johson Sirleaf, pediu em uma “carta ao mundo” que todos os países unam esforços para erradicar a ameaça à África representada pelo vírus ebola. Em uma mensagem escrita para ser veiculada pela BBC, Sirleaf, que encabeça a nação que mais perdeu vidas para a doença, disse que “todos temos um […]
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A presidente da Libéria, Ellen Johson Sirleaf, pediu em uma “carta ao mundo” que todos os países unam esforços para erradicar a ameaça à África representada pelo vírus ebola.
Em uma mensagem escrita para ser veiculada pela BBC, Sirleaf, que encabeça a nação que mais perdeu vidas para a doença, disse que “todos temos um interesse na batalha contra o ebola”, porque o vírus “não respeita fronteiras”.
Ela enfatizou que uma geração de africanos corre o risco de “se perder” por causa da “catástrofe econômica” imposta pelo vírus.
“É o dever de todos nós, como cidadãos globais, enviar uma mensagem de que não abandonaremos milhões de pessoas no Oeste da África à sua própria sorte contra um inimigo que não conhecem e contra quem não têm defesa”, disse a presidente.
“O ebola não é apenas uma crise de saúde. Em todo o Oeste da África, uma geração de jovens corre o risco de se perder pela catástrofe econômica.”
A carta, endereçada ao “caro mundo”, foi escrita e gravada com exclusividade para a BBC e transmitida pelas emissoras da BBC neste domingo (19).
O surto atual do ebola já matou mais de 4,5 mil pessoas em todo o Oeste africano – praticamente metade delas na Libéria.
Nos três países mais afetados – Libéria, Guiné e Serra Leoa – cerca de 9 mil pessoas foram diagnosticadas com o vírus que, na sua forma atual, está matando cerca de 70% das pessoas que infecta.
“Estados frágeis”
Sirleaf disse não se tratar de uma coincidência que o ebola esteja atingindo principalmente “três Estados frágeis (…) lutando para superar os efeitos de guerras interconectadas.”
A Libéria, por exemplo, tinha 3 mil médicos formados antes da guerra civil que estourou no país no fim dos anos 1980, disse a presidente; ao fim do conflito, em 2003, restaram apenas três ou quatro dezenas.
Sirleaf argumentou que o combate ao ebola “requer um compromisso de cada nação que tenha a capacidade de ajudar – seja com fundos emergenciais, suprimentos médicos ou know-how clínico”.
Apesar dos compromissos internacionais para o combate do vírus, apenas uma pequena parte dos recursos pedidos por órgãos como a ONU e agências de ajuda humanitária foi aportada.
As doações a diferentes agências somaram cerca de US$ 380 milhões, abaixo dos US$ 988 milhões requisitados. Outros cerca de US$ 220 milhões já foram prometidos.
Além disso, a ONU pediu doações para um fundo de US$ 1 bilhão para ser usado com flexibilidade diante de situações emergenciais causadas pelo ebola – até agora, apenas a Colômbia contribuiu para este pote, no valor total de US$ 100 mil.
Na semana passada, o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse à BBC que estava “amargamente decepcionado” com a resposta da comunidade internacional ao surto de ebola.
“Se a crise tivesse atingido outra região (do mundo), provavelmente teria sido combatida de maneira muito diferente”, disse Annan.
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