Em anúncio de partido de direita, imigrantes alertam conterrâneos: ‘não venham à Itália’

O partido italiano Lega Nord lançou uma propaganda de TV com imigrantes que alertam seus conterrâneos para os problemas da Itália. O objetivo é desestimular a imigração e também arrebanhar os votos dos eleitores de extrema-direita. A Lega Nord concorre às eleições para o Parlamento Europeu com uma campanha contra o euro e também contra […]

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O partido italiano Lega Nord lançou uma propaganda de TV com imigrantes que alertam seus conterrâneos para os problemas da Itália. O objetivo é desestimular a imigração e também arrebanhar os votos dos eleitores de extrema-direita.

A Lega Nord concorre às eleições para o Parlamento Europeu com uma campanha contra o euro e também contra o crescente número de imigrantes econômicos no país.

Cinco estrangeiros, provenientes de Índia, Paquistão, Sri Lanka, Angola e Marrocos, advertem na peça publicitária que a Itália é um país “pobre” e sem perspectivas para quem vem de fora em busca de melhores condições de vida.

A ideia foi de Angelo Ciocca, conselheiro regional na província da Lombardia e candidato do partido nas eleições para o Parlamento Europeu, em curso até domingo em 28 países da União Europeia.

“Meus conterrâneos, lhes digo de coração: não venham à Itália passar fome”, diz um deles. “Este país está passando por uma gravíssima crise”, afirma outro. “A Itália é junto com Espanha e Grécia um dos países mais pobres da Europa.” Segundo Ciocca, os anúncios deverão ser mostrados nos países de origem dos imigrantes.

No entanto, o objetivo da campanha é claramente o eleitorado italiano, analisa Duncan McDonnel, professor de ciências políticas no Instituto Universitário Europeu em San Domenico di Fiesole, perto de Florença.

“Com isso (o partido) Lega quer insinuar que nem os imigrantes querem mais estrangeiros no país”, diz o especialista em política italiana.

Separatista

A Lega Nord quer separar o norte da Itália do sul do país e é um partido conhecido por referências polêmicas a estrangeiros e imigrantes.

No ano passado o deputado Roberto Calderoli provocou indignação ao comparar a então ministra da integração, Cecile Kyenge, a um orangotango. Kyenge tem raízes africanas.

O partido também é contra a operação “Mare Nostrum”, que salva refugiados que tentam chegar à Itália atravessando o mar Mediterrâneo, e quer a saída da Itália da zona do Euro.

A Lega Nord coopera com o partido francês Front National, também de extrema-direita.

A posição de partido “eurocético” é oportunista, disse Duncan McDonnel à BBC Brasil: “No passado a Lega Nord sempre foi a favor da União Europeia, e seu programa não requer a saída do bloco”.

O analista político diz que o tema principal da Lega Nord é mesmo a imigração: em uma enquete feita por ele há alguns anos em uma convenção do partido, mais de 70% dos entrevistados citaram a política anti-imigração como a principal bandeira do partido.

A propaganda anti-imigração faz parte do esforço do partido de recuperar a influência perdida no panorama político italiano, diz McDonnel. No passado a Lega Nord chegou a fazer parte do governo e receber mais de 10% dos votos.

No entanto, depois de escândalos de corrupção envolvendo, entre outros, o chefe do partido, Umberto Bossi, a popularidade da agremiação política caiu. Pesquisas atuais mostram que no momento a Lega Nord tem apenas cerca de 5% da intenção de voto.

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