Em 4 meses, MS já teve o dobro de casos do ano passado de ‘pessoas que se jogam’

Número é considerado alarmante pelos militares do Corpo de Bombeiros, que afirmam que apesar dos ferimentos, nenhuma pessoa morreu vítima de queda neste ano

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Número é considerado alarmante pelos militares do Corpo de Bombeiros, que afirmam que apesar dos ferimentos, nenhuma pessoa morreu vítima de queda neste ano

O Corpo de Bombeiros atendeu a pelo menos 19 casos de pessoas que se jogaram de algum local elevado em Mato Grosso do Sul. É como são registradas as tentativas de suicídio. Este dado diz respeito ao dia 1º de janeiro deste ano até o dia 5 deste mês. Já no ano passado, houve nove atendimentos, sendo do primeiro dia do ano a 31 de dezembro de 2013. 

O número é considerado alarmante pelos socorristas. Além disso, todas as vítimas envolvidas neste tipo de ocorrência sofreram algum tipo de ferimento, tendo que ser encaminhadas a unidades hospitalares. Mesmo assim, não houve registro de mortes. 
Há inúmeras possibilidades para que uma pessoa tome uma atitude como esta, como a depressão ou mesmo a expectativa que é criada sobre ela e ela não sabe lidar com a decepção.
“Nosso trabalho é totalmente voluntário e estamos aqui para ajudar, a questão da propagação de fatos como este ou mesmo chacotas a quem tem dúvidas levam algumas pessoas a tomarem atitudes erradas e que possam se arrepender”, explica Roberto Sinai, responsável pelo setor de relações públicas do CVV. 
Ele conta que o Centro de Valoração atende a 60 ligações ao dia e que em época de Natal, Ano Novo, Dia das Mães e Carnaval, o atendimento chega a 80. “São datas comemorativas, quando muitas passam com familiares e para outros a data é considerada triste, seja porque não tem com quem passar ou porque teve a perda de algum parente nesta época”, explica e completa, “já no Carnaval tem muitas pessoas que acabaram se submetendo ao procedimento do aborto e que precisam desabafar sobre isso”. 
Roberto esclarece que qualquer atitude de ajuda sempre é vinda. “As pessoas precisam ser mais ouvidas e menos julgadas”, frisa. Além disso, ele comenta que o número de atendimentos no CVV aumentou nesta época pelo número de concursos públicos.
“As pessoas criam expectativas demais sobre as outras, seja de um concurso, de um curso ou de uma chance de emprego, e quando isso não acontece, elas não sabem como lidar com a frustração. Há muitas ligações sobre fatos desta natureza, elas precisam desabafar, falar de medo e ansiedade, e isso vem muitas vezes de uma simples ligação”, comenta. 
VOLUNTÁRIOS 
Sinai revela que houve uma descentralização do CVV. “Agora o ‘Grupo de Amor e Vida’ não tem vínculo com São Paulo, mas continua atuando da mesma forma e estamos de postas abertas a receber mais voluntários. A nossa única reivindicação é que esta pessoa tenha bom coração para ajudar o próximo”, afirma. 
“Voluntários que tenham quaisquer tipos de necessidades especiais podem participar do CVV. Temos condições de ajudar a esta pessoa a ajudar outras”, fala. “Aqui ele vai cumprir uma jornada de quatro horas, uma vez por semana, em um horário de sua escolha, não atrapalhando a sua atividade”, completa. 
A atividade é totalmente voluntária e todas as ligações feitas ao Centro de Valoração à Vida são sigilosas. 
CRIMES 
Trotes para o telefone do Corpo de Bombeiros e até mesmo para serviços como o CVV são considerados crimes de “comunicação falsa de crime ou de contravenção”, previsto no artigo 340 do Código Penal, que prevê provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. A penalidade é de detenção, prisão em regime semiaberto, de um a seis meses, ou multa. 
Já comentários maldosos ou mesmo incitações de como alguém pode cometer um atentado contra a própria vida ou que a diminua a tal ponto que ela comece a considerar a praticar este fato, também é considerado crime e está previsto no Código Penal Brasileiro. 
No artigo 122, prevê Induzimento que é, “induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça”, a penalidade será de reclusão, prisão em regime fechado, de dois a seis anos, se o suicídio se consumar ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Além disso, a medida ainda ressalta dois agravantes que podem aumentar a pena de quem cometer tal ilícito. O caput do parágrafo único do artigo 122, diz que, a pena é duplicada: I – se o crime é praticado por motivo egoístico; II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
SERVIÇO: Para ligar de Campo Grande para o CVV o número é 141. Para quaisquer outras cidades de Mato Grosso do Sul, os números são (67) 3383-4112 e (67) 3383-4113.

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