A estudante Júlia Apocalipse, de 13 anos, que perdeu dois dentes e teve vários hematomas após ser agredida por uma adolescente de 16 anos na saída de uma escola em Sorocaba (SP), na terça-feira (9), ainda sente dores para comer e chora constantemente, segundo o aposentado Jairo Apocalipse, pai da jovem. “Ela passou a noite muito mal e agora sofre para comer. Está muito triste, isso dói em mim. Ela chora o tempo todo porque não pode mais sorrir”, conta o pai, sobre a primeira noite da filha em casa após a surra.

Júlia teve alta na quinta (11), após dois dias internada em um hospital particular da cidade. Ela teve vários hematomas no rosto, perdeu dois dentes e teve outros afundados.

A agressão foi no começo da tarde de terça-feira (9). Segundo informações do boletim de ocorrência, Júlia saiu da escola Hélio Del Cístia, no Jardim São Guilherme, quando começou a ser agredida por uma jovem de 16 anos, que a estava esperando na calçada. A vítima correu para o pátio, mas foi seguida e continuou apanhando. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado negou que a agressão tenha ocorrido dentro da escola e informou que a agressora não está matriculada naquela instituição de ensino.

Segundo o pai, a vítima apanhou “por ser bonita”. “Me contaram que ela [a agressora] batia na minha filha e gritava: ‘Quero ver quem vai te querer agora, quero ver você ser bonita agora’”, disse o aposentado em entrevista na quarta-feira (10).

Versão da agressora

Na quinta-feira a agressora esteve na Delegacia de Infância e Juventude (Diju) com o tio, que é seu tutor legal, e disse que bateu na adolescente para defender uma amiga. “Ela chamou minha amiga de ‘macaca’”, afirmou. Após a suposta ofensa, segundo ela, as duas passaram a trocar mensagens com ameaças, até que Júlia a bloqueou. Ela decidiu, então, ir até a porta da escola para “tirar satisfações”. “Na escola continuamos a briga, ela caiu e mordeu meu pé. Depois, rolou pela escada e desmaiou”, disse.

A jovem também disse que não sabe o motivo pelo qual a vítima ficou tão machucada. “Não sei o que ela fez na boca para ficar daquele jeito. Dei alguns murros, mas não foram fortes.”

Exames no IML

Júlia fará exames no Instituto Médico Legal nesta sexta e deve ser ouvida pelo delegado Newton Ribeiro Guimarães, que cuida do caso. Newton também irá colher o depoimento do pai dela, além de funcionários da escola e outras testemunhas.

A polícia também aguarda pelo laudo do IML, que irá apontar a gravidade das lesões de Júlia. O caso segue, por enquanto, como ato infracional de lesão corporal. “É um absurdo, pois minha filha estava desarmada e apanhou até ficar desacordada, perdeu dentes. Não é lesão corporal, e sim tentativa de homicídio”, avalia Jairo. Ele voltou à escola no dia seguinte para buscar os dois dentes da filha, que foram achados por uma funcionária. “Se ela [Júlia] não estivesse pertinho da escola, certeza que teria morrido apanhando. O que salvou é que ela voltou correndo para a escola e os funcionários separaram a briga lá dentro”, diz.

Segundo a mãe da menina, Débora Apocalipse, a vítima apresenta dificuldades em alguns movimentos devido aos traumas no rosto. “O dentista informou que um dos dentes foi arrancado pela raiz e, pelas condições dele, não pode ser reutilizado”, lamenta.