Maria Paula Nunes escolheu ser voluntária para crescer. A jovem que tem 20 anos e é estudante de Direito conta que queria conhecer o mundo, mas mais que isso ajudar as pessoas e amadurecer. Viver experiências que somente em um lugar diferente, com pessoas que não conhecesse poderia viver.

E assim decidiu fazer um intercâmbio. O lugar escolhido: o mais inusitado possível, diz, contando que a experiência em Taiwan lhe deu muito mais do que ela esperava. “Aprendi muito mais que ensinei. As pessoas em Taiwan são muito gentis, educadas. São mais retraídas que a gente, mas nem por isso menos amorosas”, diz.

A jovem conta que optou por ir para Taiwan porque havia tido uma oportunidade de ir para aquele país no segundo ano do ensino médio e não foi. E depois de alguns anos, a experiência perdida começou a martelar na cabeça. “Na época, por imaturidade, eu queria apenas Europa ou Estados Unidos. Depois vi que não. Que um lugar totalmente diferente a minha experiência seria muito maior”, diz.

E assim, em dezembro do ano passado, antes de completar 20 anos, Maria Paula embarcou para Taiwan, para ensinar inglês e cultura brasileira em um vilarejo chamado Yanchao. “O primeiro obstáculo que tive que vencer foi o idioma. A minha família falava só mandarim, não falava inglês, mas acabamos nos comunicando muito bem”, revela, sobre sua aprendizagem.

Vencidos obstáculos de fala com mímicas, Google tradutor e muita boa vontade, Maria Paula diz que a experiência foi a maior que já teve até agora. A família em que ficou hospedada, conta, não poderia ser melhor. “Eles eram muito humildes, viviam tipo em um conjugado. Os pais dormiam em uma peça e eu e meus irmãos em outra. Meu irmão mais velho até me cedeu a cama”, conta, enfatizando a generosidade das pessoas que encontrou.

Celebridade x choque cultural

Na escola em que lecionava a jovem virou meio que uma celebridade. Ela conta, com um misto de graça e timidez, que como o lugar era uma cidade pequena e quase não há estrangeiros no lugar todos queria tirar fotos com ela e até autógrafo pediam.

Mas, apesar disso algumas diferenças apareceram, não que tenha sido traumático. A mania que os brasileiros têm de abraçar lhe rendeu o apelido de Maria Baobao (como se pronuncia abraço em mandarim). “Assim que cheguei e fui abraçar meu pai ele ficou paralisado. No final, todos me abraçavam e na escola faziam fila para me abraçar”, diz.

Outro ponto que chamou a atenção da jovem é a formalidade das pessoas. “Fui passar o Ano-Novo chinês com uma das famílias que me hospedou. Como eles haviam marcado um encontro com todos os membros em um hotel eles ligaram um por um perguntando se poderiam me levar, se não seria incômodo. Tudo resolvido fui. E na hora de tirar a foto da família me disseram que iriam tirar uma comigo e outra apenas entre eles, a foto oficial. Eu disse que claro. Mas na hora da foto, a matriarca disse que não, que eu sairia em todas, porque fazia parte de tudo aquilo. Fiquei emocionada”, conta.

“E depois com a foto em mãos ela foi me mostrando um por um, mostrando que era filho de quem, irmão de quem, e na hora de falar dos meus pais, que não têm filhos biológicos ela disse, Linda e Roger, sem filhos, e eu falei que não que tinham a mim. Ela chorou”, diz.

Baratas

Comidas diferentes como tripas de porco e até baratas fazem parte da culinária taiwanense. Maria Paula conta que a família não era adepta, da culinária exótica, mas em um passeio por uma feira de rua viu os insetos sendo vendidos. “Eu fui com a cabeça de que provaria tudo que me oferecessem, ainda bem que ninguém me ofereceu baratas. Mas, provei muita coisa diferente, principalmente feita com carne de porco. Eles comem porco igual a gente come carne de boi”, diz.

Retribuição

Por tudo que viveu, Maria Paula conta que há um mês recebeu uma chinesa na casa dela. E que a decisão em receber a estrangeira se deveu aos momentos maravilhosos que vivi em Taiwan. “Eu queria retribuir”, finaliza.

Intercâmbio voluntário

Maria Paula viajou pelo Programa Cidadão Global, promovido pela  Aiesec  – reconhecida pela Unesco como a maior organização de jovens do mundo. A ação tem levado estudantes e recém-formados do mundo inteiro a desempenhar tarefas humanitárias que duram entre 6 e 12 semanas em mais de 120 países.

O diferencial do Cidadão Global é desenvolver a liderança no participante por meio de projetos sociais que impactam positivamente a sociedade que recebe o intercambista, criando assim um processo de aprendizado de ambas as partes.

Em Campo Grande, a Aiesec funciona desde julho de 2012 e já proporcionou a experiência de intercâmbio voluntário para mais de 60 jovens, sendo eles tanto estrangeiros que desenvolveram atividades voluntárias na cidade, quanto jovens campo-grandenses que aceitaram o desafio da organização e desenvolveram atividades no exterior.

Estudantes e recém-formados que desejem realizar o intercâmbio podem se inscrever no site www.aiesec.org.br/inscricao.