É um milagre não haver morte, diz bombeiro sobre moinho desabar em Maceió

“Pelo tamanho da destruição, é um verdadeiro milagre não termos mortes”. Foi assim que o major Carlos Buritiy, do Corpo de Bombeiros, descreveu na manhã desta terça-feira (8) a situação no local onde o desabamento de uma torre de armazenamento de trigo de cerca de 20 metros espalhou toneladas de cereais por uma avenida de […]

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“Pelo tamanho da destruição, é um verdadeiro milagre não termos mortes”. Foi assim que o major Carlos Buritiy, do Corpo de Bombeiros, descreveu na manhã desta terça-feira (8) a situação no local onde o desabamento de uma torre de armazenamento de trigo de cerca de 20 metros espalhou toneladas de cereais por uma avenida de Maceió.

Segundo o major, o trigo, vindo do Canadá, estava congelado, o que pode ter favorecido o desabamento. Ele explicou que os grãos teriam formado grandes blocos de gelo e criado bolsões de ar. Os espaços formados nesses bolsões permitiriam que os blocos se movimentassem com o aumento da temperatura, o que pode ter forçado a parede do silo.

“A partir dessa informação, houve um medo de criar outro bolsão e haver um novo desabamento”, disse Buritiy, que ressaltou, no entanto, que a causa do acidente só poderá ser apontada depois da análise da estrutura por um engenheiro.

A energia elétrica da área foi restabelecida por volta de meia-noite. Com isso, foi possível retirar todo o trigo armazenado em dois outros silos do moinho. “Com isso, diminuímos os riscos de desabamento, embora ele ainda exista, e agora vamos retomar a operação com mais calma”, afirmou o major.

O Corpo de Bombeiros de Alagoas retomou na manhã desta terça-feira (8) o trabalho de remoção do trigo, que havia sido suspenso às 23h30 de segunda (7). A chance de haver soterrados é remota, já que nenhum familiar procurou a corporação para informar sobre desaparecimentos.

Até o momento, cinco feridos foram levados para o hospital, onde um jovem permanece internado em estado gravíssimo, e três dos cerca de dez carros soterrados foram retirados do local. Jonas Natanael dos Santos Feitosa, 17, passou por cirurgia e está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele é filho de um pedreiro que estava em uma loja vizinha ao moinho. As outras quatro pessoas tiveram ferimentos leves e foram liberadas.

Na região do acidente,  60 casas ou estabelecimentos comerciais foram desocupadas por precaução, já que o risco de novos desabamentos não foi descartado. Entre os locais desocupados, estão 26 casas de uma vila que fica ao lado do moinho. Os desalojados estão sendo atendidos pela Defesa Civil municipal.

A expectativa é que o trigo seja retirado da via ainda nesta terça-feira. “Mas a avenida ficará fechada por mais um tempo até que se faça uma vistoria”, alertou o bombeiro. Além da avenida, algumas ruas circunvizinhas ao moinho permanecem interditadas, com passagem proibida pela Polícia Militar.

Entenda

Um silo lotado de trigo do moinho Motrisa desabou por volta das 15h30 desta segunda-feira (7), na Avenida Comendador Leão, no bairro do Poço, em Maceió, uma das principais avenidas da parte baixa da capital alagoana.

Segundo o coronel do Corpo de Bombeiros, André Madeiro, a avenida foi tomada por uma montanha de ao menos cinco metros de altura de trigo, que se espalhou por  500 metros da fábrica.

No desabamento, carros foram arrastados pelo trigo. Cem homens dos bombeiros, médicos e voluntários participaram da operação com a ajuda de quatro retroescavadeiras.

Testemunhas

Isabel Silva Oliveira, recepcionista de um escritório de arquitetura ao lado do moinho que desabou, disse que ouviu um estrondo antes de o silo desabar.”Tremeu tudo. Saímos correndo e só vimos fumaça. Foi tudo muito rápido. Parecia um incêndio”, afirmou.

Já Adelmo Pereira, corretor de imóveis, afirmou que estava de costas quando um amigo o alertou do acidentes. “Parecia o 11 de setembro. Quando olhei para trás, só vi poeira e pessoas correndo.”

Outra testemunha, que pediu para não ser identificada, passou mal após o acidente. “Durou em torno de 10 segundos. Só deu tempo para alertar as minhas amigas”, disse ela, que trabalhava em um posto de combustíveis que fica em frente do moinho.
Apesar de moradores afirmarem que o prédio apresentava rachaduras, a coordenadoria de Defesa Civil de Maceió afirma que não havia registro de nenhum tipo de problema com a estrutura do prédio. O local, porém, deve passar por uma vistoria após o resto do trigo que ocupa outros dois silos seja retirado. A operação de retirada só começará quando a energia retornar e deve durar pelo menos dois dias.

Outro lado

A empresa Moinhos de Trigo Indígena S.A. (Motrisa) informou, por meio de nota, “que estão sendo tomadas todas as providências no sentido de levantar as possíveis causas do acidente que ocasionou o sinistro no silo de armazenamento de trigo”.

“Neste momento todos os esforços e prioridade da empresa são no sentido de prestar auxílio às possíveis vítimas e respectivas famílias.” Segundo a empresa, “tão logo sejam apuradas novas informações e detalhes do ocorrido”, a imprensa será convocada e os esclarecimentos serão dados à sociedade.

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