O norte-americano James Merrill, um dos donos da Telexfree, saiu da penitenciária onde estava preso e seguiu para o regime de prisão domiciliar nos Estados Unidos.

Merrill estava preso desde 9 de maio em um centro de detenção em Rhode Island sob acusação de crime de pirâmide financeira em um esquema de US$ 1 bilhão.

A decisão da Justiça norte-americana levou em conta a falta de provas do envolvimento do executivo e de indícios de que ele pudesse fugir do país.

Outro fundador da empresa, o brasileiro Carlos Wanzeler veio para o Brasil e é considerado foragido pela Justiça dos EUA.

Bracelete com GPS e proibição de sair do Estado

Merrill terá de usar um bracelete eletrônico com GPS e ficar em casa todos os dias entre às 20h e 8h. Ele está proibido de sair do Estado de Massachusetts, onde mora, sem autorização da Justiça.

Merrill não poderá manter nenhum tipo de contato com funcionários da Telexfree, caso contrário poderá voltar à prisão. E terá ainda de assinar um certificado que garante uma hipoteca ao governo de suas propriedades e de sua família no valor de US$ 900 mil.

O americano foi solto depois de seus advogados entrarem com recurso contra a prisão, aceito pelo juiz distrital Timothy Hillman.

Segundo Hillman, o fato de Merrill não ter tentado fugir antes de ser preso, como fez Wanzeler, e nem ter demonstrado nenhum comportamento de que estivesse tramando alguma fuga foi favorável ao executivo.

O fato de ter mulher e filhos em Massachusetts também indica, na visão do juiz, que o executivo deverá permanecer no Estado.

“O Tribunal considera que o governo não tem sido capaz de oferecer provas concretas o suficiente para apoiar este argumento e para superar os fatores discutidos que pesam contra o risco de Merrill fugir”, segundo descrição do juiz escrita no documento de soltura do executivo.

Brasileiro veio para ES e sua mulher foi presa como testemunha

Ainda em abril, Carlos Wanzeler veio ao Brasil com a filha e até o começo deste mês passado estava no Espírito Santo, segundo o da empresa no Brasil, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a disposição da Justiça brasileira.

Katia Wanzeler, sua mulher, chegou a ser presa no aeroporto JFK, em Nova York, tentando pegar um voo para o Brasil em 14 de maio. Ela foi solta depois de nove dias detida.

Entenda o caso

A Telexfree vende planos de minutos de telefonia pela internet (VoIP) e é acusada nos EUA de praticar pirâmide financeira. A empresa também é investigada no Brasil e está proibida de operar desde junho do ano passado.

A empresa entrou com pedido de recuperação judicial (antiga concordata) dois dias antes da acusação de formação de pirâmide. Seus bens foram congelados nos Estados Unidos e a empresa foi impedida de operar.

A formação de pirâmide financeira é uma modalidade considerada ilegal porque só é vantajosa enquanto atrai novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em colapso. Nesse tipo de golpe, são comuns as promessas de retorno expressivo em pouco tempo.

A empresa nega qualquer irregularidade em suas operações.