O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira, em dia de depreciação da divisa dos Estados Unidos nos mercados globais e de constante atuação do Banco Central no câmbio, com os investidores ainda acreditando que a autoridade monetária poderia pesar mais a mão caso necessário.

O dólar recuou 0,83%, a R$ 2,3865 na venda, após bater R$ 2,3810 na mínima do dia. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,15 bilhão. Com isso, a moeda americana acumulou na semana alta de apenas 0,30%, sendo que no ano, ganhos de 1,23%.

“Hoje o dólar travou nessa queda considerável. O dólar está caindo lá fora, a declaração do Tombini continuou pesando”, superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.

Ativos de países emergentes vêm sofrendo intensa pressão nas últimas semanas em meio à onda global de aversão ao risco. Nesta sessão, registravam alívio, com o dólar recuando sobre o peso chileno e o rand sul-africano.

Também pesou sobre as cotações no Brasil a declaração do presidente do BC, Alexandre Tombini, publicada na véspera de que as reservas internacionais do país poderão ser usadas para “suavizar os ajustes e diminuir o impacto da desvalorização do real sobre o lado real da economia”.

“O dólar ainda está pressionado pela fala de ontem do Tombini”, disse o operador da corretora B&T, Marcos Trabbold.

Nesta manhã, a autoridade monetária deu continuidade às atuações diárias vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais tradicionais – equivalentes a venda futura de dólares – com volume equivalente a US$ 197,3 milhões. Foram 500 contratos para 1º de agosto e 3,5 mil para 1º de dezembro deste ano.

Além disso, vendeu a oferta total de 10,5 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em março. Ao todo, o BC já rolou cerca de metade do lote total.

A queda do dólar nesta semana vem num momento de volatilidade no mercado doméstico, com investidores ariscos diante do cenário de preocupações internacionais e domésticas.

Por um lado, a redução do estímulo monetário norte-americano preocupa, uma vez que reduz a oferta global de liquidez. Por outro, a situação fiscal brasileira não tem dado sinais de melhora e os agentes aguardam a divulgação da nova meta ajustada de primário para 2014, que o governo tem de fazer até o dia 20.

“O mercado doméstico está muito volátil. Qualquer movimentação acaba tendo uma influência um pouco maior sobre as cotações”, afirmou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. Só neste mês, o dólar já chegou a fechar os pregões valendo R$ 2,437 na máxima e, na mínima, R$ 2,3793.